quinta-feira, maio 8, 2025
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Navio Mary Rose entra para o Guiness por acervo de armamentos medievais

Navio afundou em 1545 e só foi redescoberto em 1971

Quatro décadas após a recuperação do navio Mary Rose, arqueólogos britânicos foram oficialmente reconhecidos pelo Guinness World Records. O título celebra a embarcação como a fonte do maior conjunto de armamentos medievais já resgatados de um naufrágio.

O Mary Rose, pertencente ao rei Henrique VIII, afundou em 1545 no estreito de Solent, Reino Unido. Na ocasião, transportava cerca de 500 tripulantes e tinha como missão proteger o país de uma invasão francesa. Curiosamente, registros indicam que o navio virou antes mesmo de conseguir disparar um tiro.

Redescoberta e acervo

Desde que os destroços foram redescobertos em 1971, mais de 28 mil mergulhos foram realizados. Em 1982, o casco foi içado pela fundação Mary Rose Trust para estudos mais aprofundados. Desde então, foram recuperadas mais de 8.300 peças de armamento — muitas em excelente estado de conservação.

O Guinness destaca entre os itens mais relevantes:

  • 10 canhões de bronze
  • 9 canhões giratórios de ferro
  • 5 coronhas de pistola
  • 8 escudos de canhão
  • 4 peças de granizo de ferro fundido
  • 44 balas de linstock
  • 3 dardos incendiários
  • 172 arcos longos (de um total de 250)
  • 3.899 flechas, das quais cerca de 2.300 estão completas
  • 24 protetores de pulso
  • 105 pontas de flecha
  • 20 lanças e 836 fragmentos de armas de haste
  • 1 alabarda
  • 1 espada com cabo de cesto
  • 65 punhais balock, 1 adaga rondel
  • 177 elos de cota de malha

Esse arsenal representa apenas uma parte dos mais de 19 mil objetos arqueológicos recuperados. Também foram encontrados instrumentos de navegação, ferramentas, roupas, utensílios religiosos, jogos, canecas e até instrumentos musicais.

Em alguns compartimentos, ossos humanos e de animais foram identificados — incluindo o esqueleto completo de um cão da raça whippet terrier, possivelmente utilizado para caçar ratos a bordo.

Preservação e descobertas científicas

A excelente preservação dos artefatos se deve ao ambiente escuro, lodoso e pobre em oxigênio do estreito de Solent, que retardou a decomposição. Estudiosos continuam a extrair informações valiosas sobre a vida a bordo durante o período Tudor, desde estrutura social até práticas médicas e lazer.

Exames de DNA e vestimentas permitiram reconstruir rostos de tripulantes e até localizar descendentes vivos, com o objetivo de dar um sepultamento adequado aos mortos.

“Descobrimos artefatos que claramente não foram fabricados na Inglaterra, o que indica a presença de tripulantes estrangeiros a bordo”, afirmou Alexzandra Hildred, do Mary Rose Trust, à BBC. “A diversidade encontrada mudou nossa percepção sobre a composição da marinha inglesa nascente.”

Breve história do navio

Construído em 1510, o Mary Rose foi um dos primeiros navios de guerra comissionados por Henrique VIII, e serviu por 34 anos. Seu nome combina uma homenagem à Virgem Maria e os símbolos heráldicos do rei e de sua primeira esposa, Catarina de Aragão — uma rosa e uma romã.

O naufrágio aconteceu durante a Batalha de Solent, em 1545, quando a embarcação foi surpreendida por uma rajada de vento que a desequilibrou e afundou rapidamente. Apenas cerca de 25 a 30 tripulantes sobreviveram.

Embora as causas do desastre permaneçam incertas, as teorias variam entre erro humano, sobrepeso, mau tempo e até ação indireta dos franceses. Testemunhos da época e análises modernas sugerem uma infeliz combinação de manobra equivocada e ventos adversos.

Fonte: Redação DOL, Revista Galileu – 07/05/2025

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