A declaração foi dada durante um interrogatório a que ele foi submetido no Senado americano e Kash Patel afirmou que “tudo o que for legalmente permitido” será divulgado ao ser questionado sobre arquivos do caso.
O diretor do FBI, Kash Patel, disse que “não há informações confiáveis” de que Jeffrey Epstein traficava mulheres para terceiros nesta terça-feira (16).
A declaração, que vai contra as investigações que levaram à condenação do empresário, foi dada durante um interrogatório a que ele foi submetido no Senado americano sobre sua condução da investigação do assassinato do ativista conservador Charlie Kirk e demissões de autoridades veteranas.
Questionado pelo senador republicano John Kennedy, da Louisiana, se o FBI sabia se Epstein traficava mulheres para outra pessoa além dele mesmo, Patel afirmou:
“Não há informações confiáveis. Nenhuma. Se houvesse, eu teria apresentado o caso ontem, alegando que ele traficava para outras pessoas. As informações que temos são limitadas. Pelas informações que temos nos arquivos do caso, não”.
O senador também questionou Patel sobre a decisão tomada em julho pelo Departamento de Justiça, de não divulgar materiais adicionais relacionados à investigação de Epstein, o que levou a críticas até mesmo de apoiadores do governo Trump após uma série de promessas de novas revelações sobre o caso.
O diretor do FBI afirmou que “tudo o que for legalmente permitido” será divulgado, referindo-se às ordens judiciais que limitaram a divulgação das transcrições do júri no caso, e Kennedy respondeu:
“Eu o encorajo fortemente a fazer isso. Essa questão não vai desaparecer, e acho que a questão essencial para o povo americano é esta: eles sabem que Epstein traficava mulheres jovens para sexo consigo mesmo. Eles querem saber para quem, se é que havia mais alguém, ele traficava essas jovens. Essa é uma pergunta muito justa. Quero saber a resposta, e acho que vocês terão que fazer mais para satisfazer a compreensível curiosidade do povo americano a esse respeito”.
Caso Epstein gera tensão no governo Trump
O caso Epstein tem sido uma constante dor de cabeça para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Após democratas divulgarem a imagem de uma suposta mensagem escrita por Trump a Epstein, com o desenho de uma mulher nua ao bilionário Jeffrey Epstein, o republicano negou que a assinatura que aparece seja dele em uma entrevista.
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A suposta carta faz parte de um álbum comemorativo produzido por Ghislaine Maxwell, parceira de Epstein, para celebrar os 50 anos dele. O documento teria sido enviado em 2003, anos antes de o bilionário ser preso por abuso sexual de menores.
Ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas, Trump disse que o texto que aparece na carta é incompatível com a linguagem que ele usa.
“Não é a minha assinatura e não é como eu falo. Qualquer pessoa que me acompanha há muito tempo sabe que essa não é a minha linguagem. Isso é um absurdo e, francamente, vocês estão perdendo tempo”, respondeu.
O conteúdo da correspondência havia sido revelado pela primeira vez em julho pelo jornal “The Wall Street Journal“, que reproduziu apenas o texto, sem mostrar o documento original. Na ocasião, Trump negou a autoria, entrou com um processo contra o jornal e pediu uma indenização de US$ 10 bilhões.
Apesar das dúvidas levantadas pela Casa Branca, veículos da imprensa americana resgataram documentos da década de 1990 em que a assinatura de Trump aparece semelhante à que consta na suposta carta.
Leia, a seguir, a tradução da suposta carta:
- Narrador: Deve haver mais na vida do que ter tudo.
- Donald: Sim, existe, mas não vou te dizer o que é.
- Jeffrey: Nem eu, já que também sei o que é.
- Donald: Temos certas coisas em comum, Jeffrey.
- Jeffrey: É verdade, pensando bem.
- Donald: Enigmas nunca envelhecem, você já notou?
- Jeffrey: Na verdade, isso ficou claro para mim da última vez que te vi.
- Donald: Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.
Epstein x Trump
Jeffrey Epstein tinha conexões com milionários, artistas e políticos influentes. Entre 2002 e 2005, ele foi acusado de aliciar dezenas de meninas menores de idade para encontros sexuais em suas mansões.
Em 2008, Epstein chegou a firmar um acordo com a Justiça para se declarar culpado. Em 2019, o caso voltou à tona, quando autoridades federais consideraram o acordo inválido e determinaram a prisão do bilionário por tráfico sexual.
O bilionário morreu na cadeia poucos dias após ser preso. Segundo as autoridades, ele tirou a própria vida.
Durante a campanha eleitoral de 2024, o então candidato Trump prometeu divulgar uma lista com os nomes de pessoas supostamente envolvidas no esquema de exploração sexual liderado por Epstein. Em fevereiro deste ano, alguns documentos chegaram a ser publicados pelo governo.
Em um desses arquivos, o nome de Trump aparece ao lado de outras pessoas em registros de voos ligados ao bilionário. É de conhecimento público que os dois foram próximos nos anos 1990. Trump, no entanto, não é investigado nesse caso.
Ainda em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi chegou a insinuar que havia uma lista de clientes de Epstein sobre a mesa dela para ser revisada. Esse documento, no entanto, nunca foi divulgado.
Mais recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que não existe nenhuma lista de clientes nos documentos relacionados à investigação. O próprio presidente Trump passou a afirmar que a tal documento é uma farsa.
A mudança de versão irritou a base de apoiadores do republicano. Muitos desses eleitores compartilham teorias da conspiração sobre o caso Epstein e exigem a divulgação completa das informações sobre a rede de exploração sexual.
Fonte: Redação g1 – 16/09/2025