domingo, setembro 21, 2025
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Protestos da geração Z podem estar virando uma ‘primavera asiática’? Entenda

Jovens revoltados vem liderando protestos, por vezes violentos, em vários países asiáticos, exigindo mudanças e o fim da corrupção. Mas até que ponto essas manifestações podem resultar em transformações concretas?

De invasões a palácios a fugas de chefes de Estado, vários países asiáticos vêm passando por transformações políticas lideradas por uma geração nascida na era digital.

Com amplo conhecimento digital, a chamada geração Z –termo que se refere a pessoas nascidas aproximadamente entre 1997 e 2012– emergiu como uma força política, desafiando o autoritarismo, a corrupção e a desigualdade econômica com ativismo de rua.

No Nepal, protestos de jovens contra a proibição das redes sociais e a corrupção derrubaram o governo do primeiro-ministro Khadga Prasad Oli na semana passada. Manifestantes invadiram e incendiaram prédios governamentais e casas de ministros. O Parlamento foi dissolvido e novas eleições foram convocadas.

Indonésia também testemunhou protestos em larga escala recentemente, desencadeados por insatisfação da população com benefícios generosos concedidos aos congressistas do país, entre outras queixas. O governo do presidente Prabowo Subianto mal conseguiu se manter e se esforçou para atender às demandas dos jovens, demitindo ministros e revogando as regalias.

Em Bangladesh, protestos em massa liderados por estudantes em julho e agosto de 2024 encerraram o governo de 15 anos da primeira-ministra Sheikh Hasina e a forçaram a fugir para a vizinha Índia.

Em 2022, distúrbios ocorridos no Sri Lanka em meio à turbulência econômica levaram à deposição do então presidente Gotabaya Rajapaksa.

Nesta reportagem, você vai ver:

  1. Falha em compreender os anseios da juventude
  2. Uma mudança geracional?
  3. Traçando seu próprio caminho

Falha em compreender os anseios da juventude

Alguns especialistas comparam a situação na Ásia à Primavera Árabe, uma série de protestos em massa no Oriente Médio e Norte da África no início da década de 2010, impulsionados pelo descontentamento generalizado com a corrupção e as dificuldades econômicas, que derrubaram vários governos, incluindo os da Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen.

O resultado, porém, foi tudo menos triunfante. A Primavera Árabe deu lugar a anos de agitação e frágeis transições de poder.

Apesar das diferenças nos cenários políticos, especialistas afirmam que as questões que desencadearam a Primavera Árabe são semelhantes às que desencadearam a agitação em lugares como Sri Lanka, Bangladesh e Nepal. Eles citam frustração e descontentamento generalizados com a corrupção, dificuldades econômicas e má governança.

Annisa R. Beta, professora de estudos culturais na Universidade de Melbourne, também destacou o poderoso papel desempenhado pelas redes sociais na disseminação do descontentamento e na facilitação de manifestações lideradas por jovens. Essa mudança, segundo afirmou, tornou o controle centralizado sobre os jovens quase impossível.

“As gerações mais jovens, a geração Z, a geração Alfa, não estão interessadas em ser lideradas por apenas uma figura carismática”, disse Beta à agência de notícias Deutsche Welle. Os jovens, segundo a especialista, se identificam mais ​​com um movimento descentralizado que permanece fortemente focado em seus objetivos.

Ishrat Hossain, pesquisadora do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga) compartilha uma visão semelhante. “Em muitos casos, as plataformas digitais sociais amplificaram o impacto dos protestos nas ruas e forneceram meios para o surgimento de líderes não tradicionais, como rappers e hackers”, afirmou.

Uma mudança geracional?

Jovens celebram após queda do primeiro-ministro do Nepal, em 9 de setembro de 2025 — Foto: AP Photo/Niranjan Shrestha
Jovens celebram após queda do primeiro-ministro do Nepal, em 9 de setembro de 2025 — Foto: AP Photo/Niranjan Shrestha

O músico Rajat Das Shrestha é uma das figuras mais proeminentes do movimento da geração Z no Nepal. Ele acredita que em todos esses países, as causas da agitação são sempre as mesmas.

“Acredito que a corrupção e a mentalidade autoritária dos governos não são problemas apenas do Nepal ou de Bangladesh. Elas existem em graus variados em toda a região.”

Shrestha vê um padrão se desenvolvendo em toda a Ásia. Ele disse que a mensagem de Bangladesh e Sri Lanka foi clara: “governos podem cair quando os jovens se levantam.”

Se os governantes “continuarem a ignorar os sonhos e as frustrações dos jovens”, afirmou, “eventos semelhantes acontecerão em muitos outros países desta região.”

Beta acredita que este movimento liderado por jovens não é algo passageiro, mas uma mudança geracional.

“Esperamos um processo contínuo, um despertar político contínuo, marcado pela geração Z. Mas também veremos isso muito claramente entre as gerações Alfa e Beta”, disse, se referindo aos nascidos após 2010.

Traçando seu próprio caminho

Embora as fagulhas iniciais nesses países possam parecer semelhantes, cada um deles traça seu próprio caminho.

O Sri Lanka recuperou a estabilidade política e econômica nos últimos três anos. Sua economia está crescendo novamente a um ritmo aceitável, indicando uma recuperação cada vez mais forte de sua pior crise financeira em décadas.

Indonésia conseguiu preservar seu sistema atual, resistindo aos protestos recentes sem causar perturbações sistêmicas.

Enquanto isso, Bangladesh está em uma posição precária, com o país preso entre reformas abrangentes e eleições democráticas, correndo o risco de mergulhar em um caos ainda mais profundo.

A especialista do Giga, Hossain, permanece “cautelosamente otimista” sobre o que vem a seguir.

“Sem a institucionalização de demandas de protesto mais amplas – por meio de mecanismos legais, alocação orçamentária e estruturas de supervisão – as vitórias de hoje podem se tornar a nostalgia de amanhã.”

Fonte: Por Deutsche Welle – 21/09/2025

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