sexta-feira, setembro 26, 2025
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Entenda operação que mirou esquema do PCC de lavagem de dinheiro nos setores de motéis, postos, franquias e jogos de azar

Operação do Ministério Público de São Paulo e da Receita Federal foi deflagrada na quinta-feira (25); 25 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

Uma operação realizada nesta quinta-feira (25) pelo Ministério Público de São Paulo e pela Receita Federal revelou como operava um esquema da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavagem de dinheiro ilícito nos setores de combustíveis, motéis, franquias e jogos de azar.

👉 A Operação Spare é um desdobramento da Carbono Oculto, que mostrou operações do PCC dentro de fintechs do sistema financeiro da Faria Lima. Segundo a Receita, recursos de origem ilícita eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais.

Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (19 mandados), Santo André (2 mandados), BarueriBertiogaCampos do Jordão e Osasco. Os investigados são suspeitos de utilizar postos, empreendimentos imobiliários, motéis e lojas de franquia como instrumentos para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.

g1 explica abaixo como a investigação descobriu o esquema do PCC para lavar dinheiro e como foi a operação.

  • Qual a origem dos valores ilícitos movimentados pelo grupo?
  • Como o PCC usava maquininhas de cartão?
  • Quais foram os artigos de luxo adquiridos pelos investigados
  • A BK Bank como ‘buraco negro’ da lavagem de dinheiro
  • Quem são os 25 alvos da operação?
  • Como agia o núcleo Flávio Silvério e a rede de laranjas
  • As provas telemáticas e os contadores como peças-chave
  • Quais motéis foram usados para lavar dinheiro?
  • Quanto de dinheiro o grupo movimentou?

Qual a origem dos valores ilícitos movimentados pelo grupo?

  • dinheiro movimentado pela organização criminosa tinha origem clara em duas atividades criminosas principais: exploração de jogos de azar clandestinos e crimes contra as relações de consumo.
  • A investigação começou com a apreensão de máquinas de pagamento por cartão em casas de jogos ilegais em Santos, no litoral paulista. Valores captados por essas máquinas, em nome de postos de combustível, como Posto Mingatto (R$ 859.151,57) e Auto Posto Carrara (R$ 3.510.033,53), eram transferidos quase integralmente para a fintech BK Bank.
  • Foi verificado que grande parte do lucro vinha de adulteração de combustíveis e fraudes em bombas de abastecimento de postos controlados pelo grupo. Entre os postos identificados estão: Auto Posto Estrella Galicia (R$ 305.491,73), Auto Posto Avenida Esperança (R$ 901.341,74) e Posto de Serviços DJF (R$ 1.582.354,62).

Como o PCC usava maquininhas de cartão?

  • Hardwares comuns do mercado eram equipados com softwares de fintechs ligadas ao esquema criminoso. Compras em motéis, postos de combustíveis e lojas de conveniência eram direcionadas diretamente à fintech.
  • O objetivo era captar dinheiro livre e formalizar a compra de bens de luxo, como carros, iates e helicópteros.
  • “As maquininhas são mais um instrumento de introdução do dinheiro dentro de uma fintech, para depois evoluir para uma compra patrimonial através de um fundo ou em nome de uma pessoa física”, afirmou Márcia Meng, superintendente da Receita Federal.

Artigos de luxo adquiridos pelos investigados

  • A compra de bens de alto valor levantou suspeitas da Receita Federal e do Ministério Público.
  • Um deles foi um iate de 23 metros, comprado inicialmente por um dos motéis e depois transferido a uma empresa de fachada.
  • Outro item foi um helicóptero Augusta A109E, adquirido em nome de um dos investigados.
  • Também foi encontrado um carro esportivo Lamborghini Urus, comprado por empresa patrimonial e terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.
  • “No caso específico dos motéis, eles compravam terrenos, imóveis, helicópteros. Bens de luxo que não estavam compatíveis com a receita deles”, explicou Márcia.

A BK Bank como ‘buraco negro’ da lavagem de dinheiro

  • A fintech BK Bank, antiga Berlin Finance Meios de Pagamentos Eireli, permitia que os valores depositados pelos clientes fossem misturados nas contas da instituição e enviados a terceiros sem deixar rastro contábil do remetente ou beneficiário real.
  • A Receita Federal constatou que o controle das contas de clientes era feito “fora da contabilidade”, em uma contabilidade paralela, tornando indispensável a busca e apreensão para identificar o destino final dos recursos.

Quem são os 25 alvos da operação?

A operação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão. Veja quem são os 25 alvos de busca e apreensão e suas funções no esquema, segundo o MP:

  • Flávio Silvério: apontado pelo MP como o principal beneficiário e comandante do núcleo. O relatório o liga a diversos postos, hotéis e empresas de fachada usadas para movimentar valores;
  • Sharon Nogueira: esposa de Flávio; o MP aponta que ela figura como beneficiária e integrou o quadro societário de empresas do grupo. Contas de parentes próximos a ela foram usadas para movimentações. Também aparece como ré em ação anterior relacionada ao caso;
  • Leonardo Silvério Siqueira: não há informações sobre possível participação no esquema;
  • Maurício Soares de Oliveira: figura como proprietário, ao lado da mãe, de uma rede de empresas de perfumaria. Elas foram objeto de diversas comunicações do Coaf, que apontavam contas bancárias em que 100% dos recursos se referem a depósitos em espécie, além de receita bruta crescente mesmo durante a pandemia;
  • Eduardo Silvério Siqueira: utilizou um suposto empréstimo de R$ 1,5 milhão de Mauricio para justificar seu aumento patrimonial;
  • Adriana Siqueira de Oliveira: responsável pela empresa AFS Apoio Administrativo, usada para comprar combustível para helicóptero;
  • Stefania Cusumano Pereira: vinculada à operação de valores movimentados pela organização criminosa;
  • João Martinho do Carmo Crespim: atua como “laranja” para Flávio Silvério e Eduardo Silvério;
  • Tatiana Aparecida Crispim: mesma função de João Martinho;
  • Valdir de Souza Vicente: aparece como sócio de uma administradora de postos de combustíveis, mas tem vínculo trabalhista com salário baixo e é citado em um BO na condição de gerente de posto onde foi constatada fraude nas bombas;
  • Suelen Ramos Santos: não há informações sobre possível participação no esquema;
  • Rodrigo Cavarzere dos Santos: apontado como um dos “laranjas” utilizados pela organização criminosa;
  • Wagner dos Santos: aparece como “laranja” para Flávio e Eduardo Silvério;
  • Reinaldo José Bezerra: ligado a Flávio Silvério, ele e a esposa são réus por venda de combustível adulterados, e seu filho recebeu valores relevantes de empresas de fachada controladas pelo grupo;
  • Alex Batista Medeiros: aparece como “laranja”, cedendo seu nome para figurar no quadro societário de postos de combustíveis controlados pelo grupo;
  • Felipe Teles de Oliveira Souza: não há informações sobre possível participação no esquema;
  • Lucas Rodrigues Pegoraro: não há informações sobre possível participação no esquema;
  • Rosangela Ferreira de Aquino: não há informações sobre possível participação no esquema;
  • Gilberto Lauriano Júnior: apontado como um dos contadores centrais para as atividades da organização criminosa;
  • João Muniz Leite: apontado como um contador que participou ativamente das condutas praticadas por Flávio Silvério, Adriana e Eduardo, sendo responsável pela elaboração e transmissão das declarações de Imposto de Renda desses investigados.

Envolvidos com a empresa de investimento são:

  • Mário Luiz Gabriel Gardin: apontado como criador de empresa de investimentos; a Receita Federal constatou inconsistências em suas declarações;
  • Caio Henrique Hyppolito Galvani: apontado como administrador da empresa; a Receita identificou indícios de que ele possuía relevante capacidade financeira, indicando ser um operador com alguma relevância;
  • Camila Cristina de Moura Silva: recebeu procuração da empresa, evidenciando que exercia função de confiança na administração;
  • Danilo Augusto Tonin Elena: atual responsável pela empresa, apontado como “laranja” utilizado para ocultar os verdadeiros donos;
  • Marcelo Dias de Moraes: uma empresa em seu nome, além de sua conta pessoal, foram favorecidas por créditos da empresa de investimentos ligada a Caio.

A função da empresa no esquema criminoso, segundo o MP e a Receita Federal, era atuar como uma instituição de pagamento centralizadora e “buraco negro” para a lavagem de dinheiro de origem ilícita do PCC.

As defesas dos citados não foram localizadas até a última atualização desta reportagem.

O núcleo Flávio Silvério e a rede de laranjas

  • A investigação concentrou-se no núcleo Flávio Silvério Siqueira, identificado como o chefe e o principal beneficiário do esquema de lavagem.
  • Flávio Silvério e Eduardo Silvério utilizavam uma vasta rede de “interpostas pessoas”, incluindo familiares de Flávio (parentes de sua esposa Sharon Nogueira) e outros, como Reinaldo José Bezerra, Alex Batista Medeiros e Rodrigo Cavarzere dos Santos.
  • Empresas hoteleiras e motéis, como Motel Uma Noite em Paris, Motel Chamour, Motel Casual e Motel Vison, eram usados para realizar transferências em favor da BK Bank. Formalmente controlados por terceiros, eles realizavam pagamentos de acordos judiciais em nome de Flávio Silvério e Sharon Nogueira, comprovando que ambos eram os principais beneficiários.
  • Foram identificados ativos de grande valor adquiridos em nome de laranjas, como o Motel Anonimato em Santos, comprado em 2018, e o helicóptero Augusta modelo A 109E, de R$ 6 milhões, adquirido por Maurício Soares de Oliveira, mas de fato pertencente a Flávio Silvério.

Provas telemáticas e contadores como peças-chave

  • A principal prova que mapeou a estrutura criminosa veio da quebra de sigilo telemático da conta arturgil2020@icloud.com. A conta continha centenas de imagens de comprovantes de transações bancárias, mostrando transferências de postos, motéis e empresas de fachada para a BK Bank.
  • Gilberto Laureano e João Muniz Leite centralizavam as atividades e ajudavam a ocultar o aumento patrimonial dos investigados. Declarações de Imposto de Renda elaboradas por João Muniz revelaram crescimento patrimonial de Flávio, Adriana e Eduardo Silvério.

Quais motéis foram usados para lavar dinheiro?

Uma rede de cerca de 60 motéis e empresas hoteleiras movimentou mais de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024. Os estabelecimentos identificados pela operação são:

  • Maramores Empreendimentos Hoteleiros
  • Motel Uma Noite em Paris
  • Motel Chamour
  • Motel Casual
  • Sunny Empreendimentos Hoteleiros
  • Mille Motel
  • Marine Empreendimentos Hoteleiros
  • Ceesar Park Empreedimentos

Quanto de dinheiro o grupo movimentou?

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Esquema de lavagem de dinheiro do PCC — Foto: Arte/g1
Esquema de lavagem de dinheiro do PCC — Foto: Arte/g1

Motéis são usados em esquema de lavagem de dinheiro do PCC. — Foto: Reprodução
Motéis são usados em esquema de lavagem de dinheiro do PCC. — Foto: Reprodução

Fonte: Redação TV Globo e g1 SP — São Paulo – 26/09/2025 

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