Tragédia da Samarco matou 19 pessoas, contaminou Rio Doce e soterrou histórias de famílias que viviam em áreas atingidas por avalanche de rejeitos.
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), completou dez anos nesta quarta-feira (5). Em Bento Rodrigues, subdistrito soterrado pela avalanche de rejeitos, o dia foi marcado por homenagens e protestos de parentes das vítimas e moradores da região.
De manhã, a comunidade se reuniu em uma celebração na Igreja de Nossa Senhora da Mercês. Cruzes com os nomes das 19 pessoas que morreram na tragédia foram colocadas na fachada.
Parte dos participantes do ato chegou carregando uma grande cruz de madeira. Do lado de fora, foram expostos painéis de pano com fotos representando a tragédia.
“Embora um pouco pesada, não é nem 10% do peso que temos carregado nesses dez anos, e não sabemos quanto tempo ainda vamos carregar esse peso, que não é nosso. É um momento de lembrar e não deixar esquecer”, disse Mônica dos Santos.
Ao término da celebração, 200 balões biodegradáveis com sementes de girassóis foram soltos no ar, em homenagem às vítimas da tragédia.
“É uma luta que vem se arrastando ao longo desses dez anos, e a gente acredita que essa luta ainda vai ser longa”, disse Mauro Marques da Silva. “O coração doeu quando a barragem se rompeu. Em solidariedade a este local, às pessoas, nós estamos aqui”, afirmou Antônio Marques de Oliveira.
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Como está Bento Rodrigues hoje
Dez anos depois de ser atingido por uma avalanche de rejeitos de mineração da barragem de Fundão, da Samarco, o subdistrito de Bento Rodrigues se tornou uma “cidade-fantasma”.
A lama, que matou 19 pessoas e contaminou o Rio Doce, também soterrou histórias de famílias que viviam na comunidade. Álbuns de fotos, receitas herdadas de outras gerações e plantações cultivadas com cuidado se perderam no dia 5 de novembro de 2015.
Dos mais de três séculos de Bento, restaram apenas destroços, ruínas tomadas por mato e silêncio, além de muitas memórias.
“O nosso sonho é que retirem a lama, porque ela não é nossa, ela não nos pertence, não fomos nós que a colocamos aqui. Onde ela vai ser colocada? Não nos interessa, mas que essa lama não permaneça no território, que esse território continue sendo nosso. Porque a nossa casa, a casa da minha mãe, a casa das minhas tias, não estavam com placa de venda”, disse a assessora técnica Mônica dos Santos, antiga moradora.
Para os moradores que foram obrigados a deixar a comunidade e realocados em casas construídas em outra área, nada substitui o velho Bento.
“Meu coração dói. Nós tínhamos uma vida de paraíso”, lamentou o aposentado José do Nascimento de Jesus.
Veja fotos de como está o antigo subdistrito de Bento Rodrigues hoje:
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Fonte: g1 Minas — Belo Horizonte – 05/11/2025


