Apagão na nuvem da Amazon: o que se sabe da pane que afetou apps e serviços no mundo todo

Falha na nuvem da AWS afetou mais de 500 empresas e causou instabilidade em sites e aplicativos como iFood, Mercado Livre e PicPay nesta segunda-feira (20).

Uma falha na Amazon Web Services (AWS), serviço de computação em nuvem da Amazon, causou instabilidade em vários sites e aplicativos nesta segunda-feira (20). Empresas como iFood, Mercado Livre e PicPay estão entre as que foram afetadas.

A AWS identificou às 4h11 (horário de Brasília) que o problema estava ligado aos sistemas de banco de dados e de servidores virtuais voltados para empresas que utilizam seu serviço de nuvem (saiba mais abaixo).

Em comunicado, a AWS disse que o erro no banco de dados foi “totalmente mitigado” às 6h24, mas que clientes ainda enfrentavam problemas nos servidores virtuais. À tarde, muitas empresas ainda tinham instabilidade, segundo o Downdetector, que monitora falhas em sites e aplicativos.

💡 Computação em nuvem é uma alternativa para o uso de equipamentos próprios. Informações na “nuvem” estão, na verdade, em centros de dados de outras empresas. Pessoas podem salvar suas fotos no Google Fotos e no iCloud, por exemplo. Por outro lado, empresas têm a opção de usar serviços como AWS, Azure, Google Cloud, Oracle e IBM.

➡️ A AWS foi criada em 2002 para atender à demanda da Amazon, mas, hoje, oferece serviços como hospedagem de sites, bancos de dados e processamento de sistemas de inteligência artificial para terceiros.

Segundo a agência Reuters, mais de 500 empresas que usam a AWS enfrentaram problemas (veja abaixo os serviços afetados).

O que causou a falha na AWS?

A AWS informou que o problema aconteceu na região US-EAST-1, como é chamado seu grupo de data centers no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. A empresa tem 38 regiões de data centers em todo o mundo, incluindo uma no Brasil.

Na madrugada desta segunda, foram registradas “taxas de erro significativas” no DynamoDB, sistema de banco de dados da AWS que opera nessas regiões de data centers e é voltado para aplicações que exigem alta velocidade e estabilidade.

Ele consegue processar grandes volumes de dados e muitas requisições por segundo sem que o usuário precise configurar servidores manualmente.

A falha no DynamoDB estava no processo de resolução de DNS, que transforma “nomes de domínio” (como “site.com.br”) em números (endereços de IP) interpretados por computadores.

Além disso, empresas tiveram dificuldades para criar novos servidores virtuais no serviço Elastic Compute Cloud (EC2). Como o nome indica, ele tem uma característica “elástica” que permite aumentar ou diminuir a capacidade para executar sistemas conforme necessário.

A AWS disse que identificou alguns sinais de recuperação após adotar medidas para resolver os problemas ligados ao EC2 e que estava tomando medidas semelhantes nos locais que ainda enfrentavam problemas.

Os erros impactaram outras funcionalidades na AWS. Por volta das 18h30, 76 recursos da plataforma ainda tinham algum tipo de instabilidade. Outros 66 apareciam como resolvidos na página do serviço.

Por que tantas empresas foram afetadas?

O que contribui para o impacto é o fato de a região de data centers US-EAST-1 ser uma das principais na rede mundial da AWS. Ela foi o primeiro local a entrar em operação no serviço da Amazon, em 2006.

“Muitas empresas que usam a nuvem da companhia desde então ainda mantêm seus serviços hospedados lá, o que explica o impacto global”, diz Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks.

Para Ayub, mesmo as grandes empresas não se prepararam para essas situações mesmo com outros incidentes do tipo. Em julho de 2004, uma falha da CrowdStrike afetou sistemas de hospitais, bancos e aeroportos em várias partes do mundo.

“Deduzo que, por ficarem muito distantes uns dos outros, técnicos e gestores acabam subestimando o risco e deixam de adotar medidas de backup e redundância para evitar o mesmo problema no futuro”.

Por que empresas usam a nuvem?

Um dos benefícios do serviço de nuvem é a simplificação da estrutura. É o chamado outsourcing (ou terceirização), em que o cliente não precisa se preocupar com a manutenção de uma série de equipamentos e pode se concentrar apenas na operação do ambiente virtual.

Outra vantagem é a possibilidade de ter infraestrutura logo no início do projeto, sem precisar de um grande investimento inicial. Na prática, em vez de comprar equipamentos, a empresa os aluga de terceiros.

Clientes de nuvem também podem contratar capacidade variável, isto é, aumentar ou diminuir o uso de recursos de acordo com a necessidade. Uma loja virtual, por exemplo, pode aumentar sua capacidade em datas de grande demanda, como a Black Friday.

As empresas podem ainda replicar dados em vários centros das empresas de computação em nuvem. Isso permite criar backups em diferentes locais e dar acesso mais veloz ao conteúdo para usuários de serviços de streaming e jogos online, por exemplo.

Empresas afetadas

Segundo a agência Reuters, o site Downdetector, que monitora instabilidades em sites e aplicativos no mundo todo, mais de 4 milhões de usuários relataram problemas devido ao incidente. Veja alguns dos serviços impactados:

• Alexa
• Amazon
• Banco Pan
• Canva
• Claro
• Clash of Clans
• Clash Royale
• Coinbase
• Fortnite
• HBO
• iFood
• Lyft
• Mercado Livre
• Mercado Pago
• OLX
• Perplexity
• PicPay
• Pinterest
• Prime Video
• Roblox
• Robinhood
• Roku
• Signal
• Snapchat
• Stone
• Wellhub
• Zoom

Fonte: Darlan Helder, Victor Hugo Silva, g1 – 20/10/2025