Ele aponta que o contexto da Guerra Fria influenciou o silêncio do governo brasileiro sobre ataques atribuídos a OVNIs no Pará nos anos 1970.
O ex-oficial do Pentágono Luis Elizondo, que liderou o Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais Avançadas (AATIP) nos Estados Unidos, trouxe à tona novas perspectivas sobre um dos episódios mais misteriosos da história militar brasileira: a chamada Operação Prato.
Segundo ele, razões geopolíticas ligadas à Guerra Fria explicam o silêncio do Brasil sobre os casos de objetos voadores não identificados (OVNIs) — atualmente denominados Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAP, na sigla em inglês).
Elizondo lançou em 2024 o livro “Iminente — Os bastidores da caçada do Pentágono a OVNIs”, recém-publicado no Brasil. Na obra, ele aborda o envolvimento de diferentes países com fenômenos aéreos não explicados, incluindo o Brasil, onde a Força Aérea Brasileira (FAB) conduziu, entre 1977 e 1978, uma investigação secreta na região de Colares, no arquipélago do Marajó, no Pará.

A Operação Prato apurou relatos de aparições de luzes misteriosas no céu, supostos ataques a moradores e sinais físicos deixados nos corpos de vítimas. Conhecido popularmente como o caso do “chupa-chupa” ou “luz vampira”, o fenômeno levou pânico à população e despertou a atenção das autoridades militares.
Relatos colhidos na época e resgatados por meio do Arquivo Nacional revelam a intensidade das ocorrências. O padre Alfredo de La O, então vigário da cidade, relatou ter avistado um objeto luminoso sobrevoando a região em alta velocidade e absoluto silêncio.
A médica local Wellaide Cecim de Carvalho descreveu sintomas relatados por pacientes que alegavam ter sido atingidos por feixes de luz, como queimaduras, febre alta, fraqueza muscular e pequenos furos na pele.
Apesar da gravidade dos relatos, a investigação foi encerrada sem uma conclusão definitiva. De acordo com Elizondo, o silêncio do governo brasileiro está ligado à cautela diplomática diante do embate entre Estados Unidos e União Soviética na época.
“O Brasil tinha uma razão muito prática para não expor o assunto: havia a possibilidade de que aquelas tecnologias fossem secretas, oriundas dos EUA ou da URSS. Revelá-las poderia comprometer relações internacionais”, disse ele em entrevista à CNN.
Com a recente abertura de dados sobre UAPs por parte de potências como Estados Unidos, China e Rússia, Elizondo acredita que o Brasil poderá, em breve, retomar o debate sobre os eventos do passado com mais liberdade e transparência.
Fonte: Alexandre Nascimento, Itatiaia – 16/05/2025