Confirmação oficial da identidade depende de comparação genética com amostras da família. Suspeito preso preventivamente pelo crime é Ricardo Jardim.
A confirmação oficial da identidade da vítima assassinada e esquartejada — com o corpo colocado em uma mala deixada na rodoviária de Porto Alegre — depende de comparação genética com amostras da família. A cabeça do corpo não foi localizada, o que também dificulta a conclusão de laudos periciais, segundo os investigadores.
No entanto, a Polícia Civil acredita que a vítima seja uma mulher com mais de 60 anos, moradora de Porto Alegre e natural de Arroio Grande, que atuava como manicure.
“Essa mulher é gaúcha, tinha um relacionamento com ele. Está muito claro que ele tinha intenção de tirar dinheiro dessa mulher”, afirma o delegado da Polícia Civil do RS, Mario Souza.
O suspeito preso preventivamente pelo crime é o publicitário Ricardo Jardim. Em 2018, ele foi condenado a 28 anos por matar e concretar a mãe.
Conforme o delegado Souza, Ricardo tem 66 anos, “é extremamente educado, frio e aparentemente muito inteligente”. O diretor do Departamento de Homicídios se referiu ao suspeito como alguém que dominava técnicas de corte.
Exame de DNA e coleta com familiares
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que os membros encontrados em 13 de agosto, na Rua Fagundes Varela (Zona Leste), e o torso deixado em mala no guarda-volumes da rodoviária, identificado no dia 1º de setembro, pertencem a mesma pessoa.
O IGP também relatou que, a partir dos nós dos sacos de lixo que envolviam os fragmentos, foi extraído um perfil genético masculino que coincidiu com o de um condenado no Banco de Perfis Genéticos do RS, resultado que sustentou o pedido de prisão do suspeito.
A etapa que segue é o comparativo com DNA da família para fechar a identificação da vítima.
Na coletiva realizada na sexta-feira (5), a Polícia Civil reiterou que a coleta de material dos familiares será feita para a confirmação formal e que a família, do interior do RS.
Celular da vítima e conversas
O suspeito estava com o celular da vítima e teria se passado pela mulher em mensagens para familiares após o crime. O conteúdo do aparelho e de outros dispositivos apreendidos será analisado pelos peritos.
A principal linha de investigação aponta que, como o homem estaria enviando mensagens pelo celular da vítima, nenhum amigo ou familiar teria suspeitado de que algo estava errado e, assim, não houve registro de desaparecimento.
Linha do tempo
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O que a polícia já estabeleceu sobre a dinâmica
- Depósito da mala: câmeras mostram um homem deixando a mala no dia 20 de agosto no guarda-volumes da rodoviária. O volume ficou no local por cerca de 12 dias, até ser aberto pela equipe do setor devido ao odor;
- Planejamento e ocultação: o autor removeu as pontas dos dedos dos membros para dificultar a identificação e deixou a cabeça por último, estratégia que, segundo a polícia, visava retardar o reconhecimento da vítima;
- Relacionamento e possível motivação: segundo a investigação, o suspeito mantinha relacionamento com a vítima e tentou usar os cartões dela. Comprovantes de transações entre ambos foram encontrados. A motivação financeira é apurada;
- Apreensões: com o suspeito, os policiais apreenderam celulares e notebook material será periciado após pedidos judiciais de acesso aos dados;
- Classificação do crime: a Polícia Civil trata o caso, neste momento, como feminicídio. Laudos complementares devem apontar a causa da morte quando houver reunião de todas as partes do corpo.
Próximos passos da investigação
A cabeça da vítima ainda não foi localizada. Essa etapa é para permitir a identificação completa do corpo e contribuir para a definição precisa da causa da morte.
Além disso, os investigadores devem realizar perícia no celular da vítima e nos demais dispositivos eletrônicos apreendidos. O objetivo é confirmar se as mensagens enviadas em nome da vítima foram realmente redigidas por ela, além de rastrear possíveis movimentações financeiras e digitais que possam esclarecer o contexto do crime.
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Fonte: Duda Romagna, Madu Brito, g1 RS – 06/09/2025