PSG conquista sua primeira Champions League com goleada de 5 a 0 sobre a Internazionale. Sem dar nenhuma brecha, ou trégua, para os adversários, brilhou a estrela do coletivo de Luis Enrique.
Quando a QSI (Qatar Sports Investments) comprou o Paris Saint-Germain, em 2011, a promessa era de um título europeu em até cinco anos. Demorou mais do que isso. Porém, na noite alemã de sábado (31), em Munique, o clube francês alcançou o primeiro troféu da Champions League de sua história com um massacre.
Em um jogo altamente desequilibrado na Allianz Arena, o time dirigido pelo espanhol Luis Enrique derrotou a Internazionale por 5 a 0. Com uma atuação coletiva imponente e um desempenho individual marcante do jovem atacante Désiré Doué, de 19 anos, destruiu um adversário que buscava o tetra.
O país recebeu a última Copa do Mundo, decidida em uma grande final entre Argentina e França. A cidade de Lusail foi palco de um duelo memorável entre Lionel Messi e Kylian Mbappé, que eram jogadores do PSG. Mas não foi com esses craques que a equipe alcançou a glória continental anunciada há 14 anos.
Messi partiu ao fim da temporada 2022/2023, assim como o brasileiro Neymar, outro que deixou o clube sem cumprir o objetivo principal. Mbappé saiu um ano depois, iniciando uma arrastada disputa jurídica com o Paris Saint-Germain e liberando o técnico Luis Enrique para desenhar o time à sua maneira.
O espanhol não escondia a irritação com a aversão do francês a orientações táticas. O atacante se recusava a oferecer grande ajuda aos companheiros quando não tinha a bola nos pés. Sem ele, a equipe passou de um modelo baseado no talento de um supercraque a um jogo de esforço coletivo e disciplina.
“Nosso jogo não consiste mais em deixar o Mbappé fazer o que ele quer. Essa era a velha filosofia, que não rendeu nenhum troféu grande”, disse o desbocado asturiano, que se apresentou ao PSG há dois anos com um estilo contrastante em relação ao de seus antecessores, cheios de dedos para lidar com os astros.
O ENREDO DOS CAMPEÕES
Luis Enrique chegou nesta temporada a deixar Ousmane Dembélé no banco antes de fazer dele um candidato à Bola de Ouro. O atacante, hoje com 28 anos, foi de eterna e inconsistente promessa da ponta a excelente atacante central, com 33 gols marcados em 48 partidas, oito deles na Liga dos Campeões.
Na decisão, Dembélé não precisou balançar a rede. Ficou clara desde o início a superioridade do PSG, que controlou a posse de bola e trocou passes até chegar à rede. O primeiro gol saiu aos 12 minutos da etapa inicial, quando Vitinha teve excelente visão para achar Doué na grande área. Doué também teve excelente visão, e Hakimi só precisou tocar para o gol vazio na pequena.
Jogador da Inter na temporada 2020/21, o marroquino preferiu não celebrar efusivamente o lance. Um pudor que Doué não precisou demonstrar aos 20, em contra-ataque bem construído por Kvaratskhelia e Dembélé. Seu chute foi desviado em Dimarco, o que tornou difícil a reação do goleiro Sommer.
PASSEIO EM CAMPO
A Internazionale tinha dificuldade para ter a bola (39% de posse na etapa inicial) e só esteve perto do gol no primeiro tempo em um escanteio, com cabeceio de Thuram. Já o PSG desperdiçou oportunidade uma clara com Dembélé, pouco antes do intervalo, e duas com Kvaratskhelia, pouco depois.
Mas a superioridade era tão evidente que a goleada acabou sendo estabelecida. Aos 18 minutos, uma jogada com toque de calcanhar de Dembélé e passe preciso terminou em finalização também precisa de Doué. Aos 28, foi a vez de Kvaratskhelia receber de Dembélé na cara do gol e finalizar bem. Aos 42, Mayulu fechou a contagem.
Poderia ter sido mais, mas, com várias chances perdidas, o placar final apontou mesmo 5 a 0. Mais do que suficiente para o zagueiro Marquinhos se tornar o segundo brasileiro a erguer, como capitão, a taça da Champions League -o lateral Marcelo, então no Real Madrid, foi o responsável pelo ato na temporada 2021/22.
TRÍPLICE COROA
O PSG completou, assim, a tríplice coroa da temporada 2024/25, juntando a taça da Champions League à do Campeonato Francês e à da Copa da França. Mas era mesmo o troféu internacional que importava a um clube que ganhou 11 das últimas 13 edições de sua liga nacional, sem concorrentes de investimento parecido.
Há divergências nos números apresentados, pouco transparentes. Segundo a agência de notícias francesa AFP, a QSI gastou US$ 2,28 bilhões (R$ 12,9 bilhões) em contratações desde que assumiu o time. Com o cerco jurídico a Nasser al-Khelaifi, investigado na França, os investimentos diminuíram, mas não a ponto de impedi-lo de cumprir -com atraso- a promessa do título europeu.
FICHA TÉCNICA
Paris Saint-Germain 5 x 0 Inter de Milão
- Local: Allianz Arena, em Munique, Alemanha.
- Data e Hora: 31 de maio de 2025, às 16h00 (Horário de Brasília)
Competição: Final da Champions League 2024/25
- Árbitro: István Kovács (Romênia)
- Assistentes: Mihai Marica (Romênia) e Ferencz Tunyogi (Romênia)
- VAR: Dennis Johan Higler (Holanda)
- Cartões amarelos: Zalewski
- Cartões Vermelhos: Não teve
Gols:
- 12’/1ºT – Hakimi (PSG),
- 19’/1ºT – Doué (PSG),
- 17’/2ºT – Doué (PSG),
- 27’/2ºT – Kvaratskhelia (PSG)
- 41’2ºT – Mayulu (PSG)
Paris Saint-Germain: Donnarumma; Hakimi, Marquinhos, Pacho, Nuno Mendes; João Neves, Vitinha, Fabián Ruiz; Doué, Dembélé e Kvaratskhelia. Técnico Luis Enrique.
Inter de Milão: Sommer; Pavard (Bisseck), Acerbi, Bastoni; Dumfries, Barella, Calhanoglu, Mkhitaryan, Dimarco (Zalewski); Lautaro Martínez e Thuram. Técnico: Simone Inzaghi

Fonte: Marcos Guedes / Folhapress – 31/05/2025