Passageiros que entram na estação podem ver expostos vasos e pratos de cerâmica do século II a.C.e até ruínas de uma piscina de água fria e um banho termal de uma habitação do século I. Construção envolveu até congelamento do solo para preservar as relíquias.
A cidade de Roma inaugurou duas estações de metrô na terça-feira (16) — uma delas nas profundezas do Coliseu — que combinam a modernidade do transporte público com artefatos da Antiguidade.
Passageiros que entram na estação, praticamente abaixo do icônico anfiteatro, podem ver expostos vasos e pratos de cerâmica, poços de pedra e baldes suspensos, bem como as ruínas de uma piscina de água fria e um banho termal de uma habitação do século I.
Telões mostram o processo de escavação — que servem tanto para entreter os entusiastas da arqueologia quanto para justificar a demora na inauguração da estação.
A linha C do metrô, que custou bilhões de euros, está em construção há duas décadas, mas sofreu atrasos devido à burocracia, à falta de financiamento e, principalmente, às escavações arqueológicas necessárias, considerando as ruínas da Roma imperial e medieval que jazem no subterrâneo da cidade atual.
“O desafio era construir a linha sob um lençol freático tão grande e, ao mesmo tempo, preservar todos os achados arqueológicos encontrados durante as escavações, além de preservar tudo o que está acima”, disse Marco Cervone, gerente de construção do consórcio responsável pela linha de metrô.
O custo total das 31 estações da linha — das quais três quartos já estão em operação — chegará a cerca de 7 bilhões de euros (R$ 45 bilhões) e a conclusão está prevista para 2035, segundo a assessoria de imprensa da empresa municipal contratada para as obras.
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Roma inaugurou na terça-feira mais uma estação, a Porta Metronia, localizada a uma parada da estação ao lado do Coliseu e também a uma profundidade de 30 metros.
A escavação inclui um quartel militar de quase 80 metros de comprimento, datado do início do século II, encontrado a uma profundidade entre 7 e 12 metros, segundo Simona Moretta, diretora científica da escavação.
“A certeza de que se tratava de um edifício militar reside no fato de as entradas dos cômodos não estarem frente a frente, mas sim deslocadas, permitindo que os soldados saíssem e se alinhassem sem se encontrar no corredor”, explicou a arqueóloga aos jornalistas.
Os soldados provavelmente faziam parte da guarda imperial ou estavam ali estacionados para a segurança da cidade, acrescentou.
Há também uma casa com afrescos e mosaicos bem preservados. Um museu dentro da estação será inaugurado futuramente, afirmou Moretta.
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Três milênios de civilizações
Escavar perto do centro de Roma significa entrar em contato com três milênios de civilizações construídas umas sobre as outras. Até o momento, o consórcio responsável pela construção da Linha C encontrou mais de 500 mil artefatos, segundo a construtora WeBuild.
Para trabalhar na delicada área arqueológica, a empresa empregou técnicas como o congelamento do solo para estabilizá-lo, além dos chamados diafragmas sacrificiais — paredes de concreto construídas perpendicularmente às paredes perimetrais e demolidas à medida que a escavação avança.
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Conforme a linha de metrô avança, passando pelo Coliseu, ela seguirá por baixo de outros importantes patrimônios culturais do mundo — a Coluna de Trajano e a Basílica de Maxêncio, o maior edifício do Fórum Romano —, bem como de alguns dos mais valiosos palácios renascentistas de Roma, igrejas e do Vaticano.
A próxima parada da linha é a Piazza Venezia, o verdadeiro coração do centro de Roma. Os vagões do metrô chegarão a uma profundidade de 48 metro quando a linha for inaugurada, em 2033, afirmou Cervone.
Quando concluída, a Linha C terá um total de 29 km, dos quais 20 km serão subterrâneos, e transportará até 800 mil passageiros por dia.
Os turistas que planejam visitar o Coliseu e outros locais no centro histórico de Roma poderão evitar o trânsito notoriamente congestionado da cidade eterna — que piorou ainda mais nos últimos anos devido às próprias obras do metrô.
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Fonte: Por Associated Press – 16/12/2025


