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Discurso de Lula no Brics inclui apelos contra mudança climática, crítica às guerras e defesa da taxação dos ‘super-ricos’

Presidente participou de encontro por videoconferência, quatro dias após sofrer queda e cancelar viagem à Rússia. Em 2025, Brasil vai ocupar a presidência rotativa do grupo de países.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (23), por videoconferência, da reunião presidencial da Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia.

Lula iria presencialmente ao evento, mas teve de cancelar a viagem internacional no último sábado (19), após cair no banheiro do Palácio da Alvorada, bater a nuca e precisar levar cinco pontos no ferimento.

O presidente brasileiro fez um discurso curto, de pouco mais de 7 minutos. Foi antecedido pelo presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e seguido pelo presidente da Etiópia, Taye Atske Seto.

A reunião foi coordenada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que está no comando rotativo do bloco. Em 2025, esse comando será ocupado pelo Brasil.

No discurso, Lula recorreu a temas frequentes nas suas últimas participações em fóruns internacionais, incluindo.

  • Mudança climática

Lula afirmou que o Brics é um “ator incontornável” para cumprir as metas globais do Acordo de Paris, que incluem limitar a elevação da temperatura média global a, no máximo, 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais.

“Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje. É preciso ir além dos 100 bilhões [de dólares] anuais prometidos e não cumpridos. E fortalecer medidas de monitoramento dos compromissos assumidos”, cobrou.

“Os dados da ciência exprimem um sentido de urgência sem precedentes. O planeta é um só, e seu futuro depende da ação coletiva. Também cabe aos países emergentes fazer sua parte”, disse Lula, lembrando que o Brasil sediará a Cúpula do Clima (COP) de 2025, em Belém (PA).

  • Taxação dos super-ricos e combate à fome

Lula aproveitou o discurso no Brics para “divulgar” a pauta defendida pelo país à frente do G20 – grupo que reúne as principais economias do planeta.

O Brasil, na presidência rotativa do G20, colocou ênfase em temas como a taxação das grandes fortunas mundo afora e a criação de uma “aliança global” para acabar com a fome.

“Quero agradecer o apoio que os membros do grupo têm estendido à presidência brasileira do G20. Seu respaldo foi fundamental para avançar em iniciativas que são fundamentais para a redução das desigualdades, como a taxação dos super-ricos. Nossos países implementaram nas últimas décadas políticas sociais exitosas, que podem servir de exemplo para o resto do mundo.”

“A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza já está em fase avançada de adesões. Convido todos a se somarem à iniciativa que nasceu no G20, mas está aberta a outros participantes”, disse.
Guerras no Oriente Médio e no Leste Europeu

Lula voltou a criticar a resposta militar de Israel contra o Hamas e o Hezbollah e afirmou que é “crucial” iniciar negociações de paz.

Diante do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Lula mencionou o “conflito entre Ucrânia e Rússia”, mas não condenou a invasão de forma enfática – como fez, por exemplo, ao chamar a Faixa de Gaza de “maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”.

“Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo. Essa insensatez agora se alastra para Cisjordânia e para o Líbano. Evitar uma escalada e iniciar negociações de paz também é crucial no conflito entre Ucrânia e Rússia”, declarou.

Lula ainda informou que a presidência do Brasil no Brics, ao longo de 2025, terá como lema “fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável”.
Vacinas e inteligência artificial

Lula afirmou que, durante a presidência brasileira do Brics, trabalhará para “reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relações menos assimétricas entre os países”.

O presidente defendeu ampliar o acesso de países mais pobres a tecnologias como vacinas e inteligência artificial.

“Não podemos aceitar a imposição de ‘apartheids’ no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial, que caminha para tornar-se privilégio de poucos”, disse.

“Precisamos fortalecer nossas capacidades tecnológicas e favorecer a adoção de marcos multilaterais não excludentes, em que a voz dos governos prepondere sobre interesses privados”, acrescentou.

  • ‘Moeda comum’ do Brics

Lula elogiou o trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), presidido atualmente por Dilma Rousseff, e destacou que é preciso discutir com “seriedade, cautela e solidez técnica” a criação de meios alternativos de pagamento para transações entre países do bloco.

“Agora é chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode mais ser adiada”, disse.

A medida visa substituir o dólar como moeda padrão para essas transações entre nações. No dia a dia da população desses países, a moeda local continuaria sendo usada – como o real no Brasil, por exemplo.

Fonte: Guilherme MazuiMateus Rodrigues, g1 — Brasília – 23/10/2024

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