Publicação viral no X distorce trecho de programa exibido em abril pela CNN Brasil. Ao Fato ou Fake, Ministério do Desenvolvimento Social desmentiu conteúdo do post; entenda
Circula nas redes sociais a publicação dizendo que o governo Lula (PT) irá encerrar o programa Bolsa Família. É #FAKE.
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🛑 O que diz a publicação?
- Publicado no dia 9 de dezembro no X, onde teve mais de 23,5 mil visualizações, o post compartilha um vídeo que tem a seguinte caixa de texto sobreposta às imagens: “Fim do Bolsa Família pelo governo Lula. Bolsa Família vai chegar ao fim”.
- A legenda afirma: “Preocupante (Para esquerdistas): Fim da Bolsa Família pelo governo Lula? Assista até o fim e entenda. Um dos motivos é que o pobre não deve permanecer pobre para o resto da vida. Ele tem que evoluir. E você? Concorda que esse programa deve ser apenas temporário? Opine”.
A publicação exibe o trecho de um programa veiculado pela CNN Brasil em abril – mas sem avisar que se trata de material antigo. Além disso, tira de contexto o conteúdo verdadeiro, que tratou especificamente da forma como o governo planejava divulgar uma mudança na regra de transição do programa.
Assinado por Lula em março, o decreto previa alterações para evitar fraudes e restringir o acesso a famílias de uma única pessoa. No corte original, o fim do benefício não foi citado. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), pasta responsável pelo Bolsa Família, que desmentiu a alegação viral (leia mais abaixo).
- O que o vídeo mostra, na verdade, é uma interação, no estúdio, entre os jornalistas Márcio Gomes e Jussara Soares. Ele pergunta: “Como o governo vai comunicar essa nova regra para saída do Bolsa Família, pode acabar apanhando por isso?”.
- A resposta foi esta: “Olha, o governo tem uma estratégia em mente, que é justamente dizer que o Bolsa Família e os outros programas sociais são uma fase de transição. E, portanto, a saída dele significa que houve um desenvolvimento do cidadão, que ele atingiu o seu objetivo de não precisar de um programa social. Tanto é que, ontem, o presidente Lula disse em um evento no Rio de Janeiro: ‘Ninguém pode ser pobre a vida inteira'”.
⚠️ Por que o post é mentiroso?
Procurado pelo Fato ou Fake, o MDS afirmou, por e-mail: “Não há qualquer determinação do Governo Federal para realizar cortes extraordinários, reduzir o número de beneficiários ou encerrar o programa. Todas as famílias que atendem aos critérios de renda, composição familiar e cumprimento das condicionalidades continuam recebendo o benefício normalmente”.
- A nota acrescenta:“Ao longo dos últimos anos, o Bolsa Família tem cumprido seu papel de melhorar, de forma consistente, a vida das pessoas mais pobres, contribuindo para a redução da fome, o enfrentamento da pobreza e a promoção de maior segurança de renda”.
- Para encontrar o conteúdo que serviu de base para o post viral, o Fato ou Fake selecionou alguns quadros do vídeo e fez uma busca reversa por essas imagens no Google Lens. Essa pesquisa serve para verificar se o conteúdo havia sido reproduzido anteriormente por fontes confiáveis – e em que contexto.
O resultado levou a uma reportagem exibida pela CNN Brasil em 16 de abril. Nela, a dupla de jornalistas fala sobre como o governo Lula poderia responder a eventuais críticas após alterações no acesso ao Bolsa Família por beneficiários que deixassem a linha da pobreza por conseguir emprego.
- Os jornalistas comentaram ainda uma declaração específica dada pelo petista na véspera, em um evento no Rio:“Eu voltei à Presidência da República para provar que este país não pode ser um país eternamente pobre, vivendo eternamente de Bolsa Família”.
- A intenção de apertar os prazos para a “saída” do Bolsa Família foi primeiramente expressa no Decreto n.º 12.417, assinado em 21 de março.
- Em 14 de maio, o MSD regulamentou, por meio da Portaria n.º 1.084 (publicada no Diário Oficial da União), o decreto presidencial, reduzindo de 24 meses para 12 meses o prazo de desligamento do programa.
- A regra nova passou a vigorar em junho e foi aplicada na folha de pagamentos do mês seguinte. Mas não afetou as famílias que já eram beneficiadas antes da mudança.
Fonte: Jorge Fofano, g1 – 17/12/2025


