sexta-feira, julho 18, 2025
InícioSAÚDEIA pode identificar pacientes com risco de Alzheimer e ajudar a determinar...

IA pode identificar pacientes com risco de Alzheimer e ajudar a determinar tratamento precoce, diz estudo

Ferramenta desenvolvida por pesquisadores de Cambridge identifica pacientes com maior chance de responder ao tratamento e pode tornar os ensaios clínicos mais rápidos, baratos e eficazes.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA) capaz de identificar com precisão quais pacientes com comprometimento cognitivo leve têm maior risco de desenvolver Alzheimer – e, com isso, podem se beneficiar de medicamentos em estágio inicial da doença.

A descoberta, publicada na quarta-feira (17) na revista científica Nature, mostra que a IA pode tornar os ensaios clínicos mais eficazes e baratos, ajudando a acelerar o desenvolvimento de tratamentos personalizados para a demência, uma condição que atinge milhões de pessoas no mundo todo.

Reanálise com IA mostra efeito positivo do remédio

O estudo se baseou na reavaliação dos dados de um ensaio clínico já concluído, que testava um medicamento contra o Alzheimer. Na análise original, o fármaco não demonstrou efeito significativo na população total de pacientes.

Mas com o uso do modelo de IA, os pesquisadores conseguiram dividir os participantes em dois grupos: os que apresentavam progressão lenta da doença e os que evoluíam mais rapidamente. No grupo com progressão lenta, o medicamento conseguiu retardar o declínio cognitivo em 46%.

Esse efeito só ficou visível porque a IA permitiu uma estratificação mais precisa dos pacientes. A ferramenta é três vezes mais precisa que os métodos clínicos tradicionais – como testes de memória, exames de sangue e ressonâncias magnéticas – para prever a progressão da doença.

“Precisão para os pacientes certos”

Segundo a professora Zoe Kourtzi, do Departamento de Psicologia da Universidade de Cambridge e autora sênior do estudo, o modelo de IA ajuda a conectar os “pacientes certos aos medicamentos certos”.

“Novos medicamentos promissores falham quando são administrados tarde demais. Com nosso modelo, conseguimos identificar com precisão quem ainda pode se beneficiar do tratamento”, disse Kourtzi.

“Isso torna os ensaios clínicos mais rápidos, mais baratos e impulsiona a busca por uma medicina de precisão no tratamento da demência.”

A IA oferece uma pontuação que estima a rapidez com que cada paciente pode evoluir para o Alzheimer. Com isso, os testes clínicos podem ser direcionados apenas para aqueles que têm chance de responder aos medicamentos – reduzindo custos e aumentando a eficácia das pesquisas.

Impacto no sistema de saúde

A nova abordagem pode ter efeitos diretos também nos sistemas de saúde pública. A Health Innovation East England, braço de inovação do sistema de saúde britânico (NHS), apoia agora a aplicação clínica da tecnologia.

“Essa ferramenta pode reduzir a pressão e os custos do NHS ao identificar quais pacientes se beneficiarão dos tratamentos, garantindo acesso mais rápido e suporte direcionado”, disse Joanna Dempsey, consultora da entidade.

Desafios no tratamento da demência

A demência é a principal causa de morte no Reino Unido e uma das que mais matam em todo o mundo. O custo global da condição gira em torno de R$ 7,2 trilhões (US$ 1,3 trilhão) por ano, e o número de casos deve triplicar até 2050.

Apesar de décadas de investimento, a taxa de falha no desenvolvimento de medicamentos ultrapassa os 95%. Só nos últimos 30 anos, mais de R$ 240 bilhões (US$ 43 bi) foram gastos em pesquisa e desenvolvimento, com poucos avanços concretos.

Nos EUA, alguns medicamentos mais recentes foram aprovados, mas enfrentam resistência por riscos de efeitos colaterais e baixa relação custo-benefício, o que dificulta a adoção em outros países.

“Como muitas pessoas, assisti, sem esperança, à demência roubar um ente querido de mim”, contou Kourtzi. “Não podemos esperar mais trinta anos por tratamentos eficazes. A IA pode nos guiar até os pacientes certos e acelerar a luta contra essas doenças cruéis.”

O objetivo dos tratamentos atuais não é curar o Alzheimer, mas retardar sua progressão, preservando a qualidade de vida dos pacientes por mais tempo. E agora, com o apoio da inteligência artificial, essa meta pode estar um passo mais próxima.

Fonte: Redação g1 – 18/07/2025

COMPARTILHE

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

POSTS RELACIONADOS
- Publicidade -
Cigana das 7

Mais Populares