Morreu Bira Presidente, ídolo do samba e da cultura brasileira, aos 88 anos, devido à complicações de Alzheimer e um câncer de próstata.
Faleceu na noite de sábado (14) o sambista Ubirajara Félix do Nascimento, mais conhecido como Bira Presidente, aos 88 anos . Ele estava internado no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, e sofria com complicações relacionadas ao mal de Alzheimer e um câncer de próstata.
O óbito foi registrado por volta das 23h55, conforme comunicado das direções do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal.
O músico deixa as filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, os netos Yan e Brian, e a bisneta Lua. Ainda não foram divulgados os detalhes sobre velório e sepultamento.
Logo após o anúncio de sua morte, diversos artistas manifestaram pesar. Em mensagem oficial, o Cacique de Ramos destacou: “Bira construiu uma trajetória marcada pela firmeza, pela ética e pela contribuição inestimável ao samba e à cultura popular brasileira”. Nomes como Belo, Xande de Pilares e Marcelo D2 também prestaram homenagens.

Da infância nas rodas de samba ao pandeirista de renome
Nascido em 23 de março de 1937, Bira cresceu rodeado pelas rodas de samba, incentivado pelo pai, Seu Domingos. Ainda criança, passou a frequentar a Estação Primeira de Mangueira, onde conviveu com ícones como Pixinguinha, Donga e João da Baiana.
Na década de 1960, fundou, junto de familiares e vizinhos, o bloco carnavalesco “Os Homens da Caverna”, que em janeiro de 1961 se uniu a outros grupos e deu origem ao Grêmio Recreativo Cacique de Ramos. Bira assumiu a presidência e manteve o cargo até sua morte.
Revolução no samba com o Fundo de Quintal
No fim dos anos 1970, Bira participou do histórico show “Samba é no Fundo de Quintal”, realizado no Teatro Opinião, ao lado de futuros criadores do grupo. Esse evento inspirou o disco homônimo lançado em 1980, que revolucionou o samba ao introduzir instrumentos como o tantã, o repique de mão e o banjo-cavaquinho.
O grupo original incluía nomes como Ubirany, Sereno, Almir Guineto, Jorge Aragão, Sombrinha e Neoci, e teve papel fundamental na consolidação do samba de quintal como forma legítima de cultura popular.
Legado e influência cultural
Mais do que cantor e percussionista, Bira era símbolo de uma geração que enraizou o samba na cultura carioca. Sob seu comando, o Cacique de Ramos se tornou ponto de convergência de talentos e origem de diversos artistas consagrados como Beth Carvalho e Zeca Pagodinho.
A morte de Bira Presidente representa a perda de um dos grandes preservadores e difusores da rica tradição musical do Brasil. Seu legado segue vivo em cada roda de samba, no batuque do pandeiro e nas memórias dos que o admiram.
Fonte: Com informações do Metrópoles – 15/06/2025