terça-feira, setembro 16, 2025
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Por que Israel atacou o Irã: o que se sabe até o momento sobre o conflito entre os dois países

Bombardeios atingiram usina nuclear e mataram chefes militares e cientistas. Irã classificou ação como declaração de guerra e respondeu com mísseis balísticos que caíram em Tel Aviv.

Na noite de quinta-feira (12), as Forças de Defesa de Israel atingiram dezenas de alvos no Irã. Explosões foram registradas em Teerã e em outras cidades do país. Os militares afirmaram que o objetivo da operação era impedir o avanço do programa nuclear iraniano. O regime iraniano ameaçou Israel e Estados Unidos, ao afirmar que os países iriam “pagar caro”. O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel receberia “um destino amargo”.

No dia seguinte, depois que as Forças israelenses realizaram uma segunda ofensiva, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos. Vídeos mostraram o momento em que alguns deles atingiram Tel Aviv e furando o sistema de defesa do país rival.

1 – O que fez Israel atacar o Irã?
Israel justificou o ataque como uma ação preventiva para remover uma “ameaça iminente” representada pelo Irã, que estaria prestes a obter uma arma nuclear.

A Embaixada de Israel no Brasil acusou o Irã de ser o “principal patrocinador do terrorismo global” e uma “ameaça existencial” ao Estado israelense, afirmando que o regime iraniano busca a “aniquilação do Estado de Israel” por meio de um “extenso e clandestino programa de armas nucleares”.

Israel alegou que o Irã acumulou “grandes quantidades” de urânio enriquecido para nove bombas nucleares, e que um terço desse urânio foi enriquecido nos últimos três meses. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que Israel não permitiria que o Irã obtivesse armas de destruição em massa.

2 – Quais alvos foram atacados?

As Forças de Defesa de Israel atacaram dezenas de alvos militares e nucleares em diferentes regiões do Irã.

O principal alvo foi a usina de Natanz, considerada o centro do programa de enriquecimento de urânio do Irã, com Israel afirmando ter causado “grandes danos” a ela. Um aeroporto militar em Tabriz, no noroeste, também foi atingido.

Além disso, o serviço secreto israelense, o Mossad, realizou ataques infiltrados de drones para enfraquecer as defesas aéreas iranianas antes dos bombardeios aéreos.


3 – Quem são chefes iranianos mortos no ataque?

Israel ataca Irã — Foto: Juan Silva/g1
Israel ataca Irã — Foto: Juan Silva/g1

No ataque, a TV estatal iraniana confirmou as mortes do chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e do chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri.

Salami era uma das figuras mais poderosas do setor militar iraniano. Nome forte e próximo ao regime iraniano, o militar foi veterano da guerra Irã-Iraque dos anos 1980. O chefe da Guarda Revolucionária já declarou na televisão que o Irã tinha como estratégia varrer o “regime sionista” do mapa, em referência a Israel.

Mohammad Bagheri foi o principal líder militar do Irã, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas desde 2016. Devido a seu papel militar e político, ele foi classificado em 2019 como um dos líderes que “durante décadas oprimiram o povo iraniano e exportaram o terrorismo”, segundo o documento do Tesouro dos EUA.

Bagheri também esteve envolvido no comando das operações e estratégias militares do Irã, incluindo o programa de mísseis balísticos.

Além deles, dois cientistas nucleares, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi, também foram mortos.

4 – O Irã já respondeu ao ataque?

Segundo autoridades israelenses, o Irã inicialmente lançou 100 drones contra o país em resposta aos bombardeios. O regime iraniano fez ameaças e falou que tanto Israel quanto os EUA iriam “pagar caro” por ataques.

O líder supremo do país, Ali Khamenei, afirmou que os dois países terão um “destino amargo e doloroso” pelos bombardeios. Teerã também descreveu o ataque de Israel como uma “declaração de guerra” e pediu ao Conselho de Segurança da ONU para tratar a questão imediatamente.

Depois disso, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o país começou a se preparar para uma retaliação nos próximos dias, com o possível lançamento de mísseis e drones. O governo também enviou alertas para que a população fique próxima de abrigos em caso de ataque.

Nesta sexta-feira (13), um dia após o ataque inicial israelense, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos. Vídeos mostraram que alguns deles atiringindo Tel Aviv, furando o sistema de defesa israelense.

5 – Qual a origem do conflito entre Israel e Irã?

A rivalidade entre os países, descrita como uma “guerra nas sombras”, intensificou-se após a Revolução Islâmica de 1979 no Irã. Antes disso, as relações eram cordiais, e o Irã foi o segundo país islâmico a reconhecer Israel.

O regime dos aiatolás impôs uma república islâmica que se apresentava como defensora dos oprimidos e tinha como principais marcas a rejeição ao “imperialismo” americano e a Israel, rompendo relações com Tel Aviv. O novo governo também cedeu a embaixada israelense à OLP (Organização pela Libertação Palestina), que então liderava a luta por um Estado palestino.

Com o tempo, Israel começou a ver o Irã como uma ameaça existencial devido ao seu programa nuclear e ao financiamento de grupos como Hamas e Hezbollah. A guerra em Gaza e ataques mútuos a oficiais e instalações já haviam escalado a tensão entre os países.

6 – O Irã representa uma ameaça nuclear?

Segundo Israel, a ameaça existe e é iminente. O Irã, por sua vez, diz que seu programa nuclear é pacífico.

O governo israelense alega que o Irã acumulou urânio enriquecido suficiente para fazer de nove a quinze bombas nucleares, com um terço desse volume enriquecido nos últimos três meses, e que está em um estágio avançado de um programa nuclear secreto para desenvolver uma bomba.

Em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU também afirmou que o Irã estava enriquecendo urânio. Um dia antes do ataque de Israel, o Conselho de Governadores da AIEA censurou o Irã pela primeira vez em 20 anos, por falta de cooperação com seus inspetores. Em resposta à censura, o Irã anunciou que estabeleceria uma terceira unidade de enriquecimento no país.

7 – Qual o arsenal dos dois países?

Israel tem uma vantagem tecnológica em seu arsenal aéreo, com 340 caças, incluindo modelos avançados como o F-35, F-16 e F-15, importados dos EUA. Seu sistema de defesa aérea também é considerado mais avançado, com sistemas como Seta, Domo de Ferro e Viga de Ferro.

Israel ainda possui cerca de 90 ogivas nucleares e tem os Estados Unidos como seus principais aliados. O país tem um orçamento militar anual de US$ 19,4 bilhões (em 2022) e efetivo de 169,5 mil militares na ativa e 465 mil reservistas.

O Irã é uma potência militar na região, com o segundo maior efetivo (610 mil militares ativos e 350 mil reservistas) e um orçamento de US$ 44 bilhões (em 2022). Possui 273 caças, mas sua frota é composta por jatos mais antigos ou obsoletos, incluindo caças da União Soviética.

O Irã tem 13 vezes mais veículos de artilharia e lançadores de mísseis que Israel e produz drones de alta tecnologia, como o Shahed-136 e Mohajer 10.

8- O que disseram os Estados Unidos?

Líder supremo do Irã, Ali Khamenei, e o presidente dos EUA, Donald Trump — Foto: WANA (West Asia News Agency) via Reuters; Nathan Howard/Reuters
Líder supremo do Irã, Ali Khamenei, e o presidente dos EUA, Donald Trump — Foto: WANA (West Asia News Agency) via Reuters; Nathan Howard/Reuters

governo norte-americano negou envolvimento direto na operação israelense, afirmando que Israel agiu unilateralmente e que a prioridade de Washington é proteger suas forças na região, segundo o secretário de Estado Marco Rubio.

Já o presidente Donald Trump pressionou o Irã a “fechar um acordo, antes que não reste nada”. “Já houve muita morte e destruição, mas ainda há tempo para acabar com este massacre, com ataques ainda mais brutais planejados para os próximos meses”, declarou Trump.

9- O que disse o Brasil?

Em nota, o Itamaraty disse que o governo brasileiro “expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação” a ofensiva israelense, “em clara violação” à soberania do Irã e ao direito internacional.

“Os ataques ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial. O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades.”

10- O que disseram os outros países?

O ataque de Israel gerou uma onda de reações globais, com muitos líderes pedindo cautela e desescalada das tensões. União Europeia, ONU, Otan, Reino Unido e Alemanha pediram a Israel e Irã contenção máxima. China e Rússia condenaram os ataques israelenses; a França, por sua vez, reafirmou o direito de Israel de se defender, mas também clamou pela redução das tensões.

Já a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) expressou “profunda preocupação” com os ataques a instalações nucleares, alertando para o risco de “liberações radioativas com graves consequências” e reiterando que instalações nucleares não devem jamais ser atacadas.

11 – O conflito vai continuar?

As ameaças do Irã e a retórica de Israel indicam que sim. O porta-voz militar israelense, Effie Defrin, declarou, após os bombardeios, que os militares do país estavam trabalhando em um plano de ataque em fases, e que a operação poderia ser longa.

Nesta sexta (13), Danny Danon, embaixador de Israel na ONU, afirmou à Bloomberg TV que o país continuaria a agir até eliminar a capacidade nuclear do Irã e impedir a produção de mísseis balísticos. Danon disse não saber quanto tempo a operação duraria.

Fonte: Redação g1 – 13/06/2025 

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