Alterações na cor, textura e presença de nódulos podem indicar desde problemas simples até doenças graves. Especialistas alertam para a importância de observar o órgão diariamente
Às vezes, o corpo fala antes que a doença se manifeste de forma mais grave. Pequenos sinais, quase imperceptíveis no dia a dia, podem ser um pedido silencioso de socorro. A língua, por exemplo, é uma dessas pistas preciosas. Observar sua cor, textura e possíveis alterações pode ser um passo crucial para identificar problemas de saúde precocemente.
Apesar de muitas vezes ser negligenciada, a língua é uma espécie de “termômetro” interno. Ela reflete não apenas a saúde bucal, mas também o funcionamento de órgãos vitais e até a presença de infecções ou doenças sistêmicas. Segundo especialistas, mudanças sutis podem apontar para condições que vão de deficiências nutricionais a quadros cardíacos ou respiratórios.
Confira as principais alterações que podem ocorrer na língua:
Coloração rósea: sinal de uma língua saudável, com aparência viva e uniforme. Quando aparecem pontos vermelhos, isso pode indicar infecções como escarlatina, doença de Kawasaki ou síndromes febris, além de deficiências nutricionais como anemia e falta das vitaminas B12 e B6.
Língua avermelhada: pode sinalizar doenças cardíacas, sendo importante consultar um cardiologista.
Palidez na língua: comum em casos de anemia por deficiência de ferro ou má alimentação, mas também pode estar associada a doenças crônicas como insuficiência renal, câncer, lúpus e anemia falciforme, além de ser um efeito pós-cirurgia bariátrica. Mulheres com miomas uterinos que causam sangramentos excessivos podem apresentar a língua pálida, assim como pessoas com alterações sistêmicas que causam falta de oxigenação local.
Língua esbranquiçada: pode indicar má higiene bucal, conhecida como saburra lingual, ou infecções como a candidíase oral, popularmente chamada de “sapinho”. Em alguns casos, também pode sinalizar lesões pré-malignas e quadros tumorais.
Manchas vermelhas isoladas: característica da chamada “língua geográfica”, é uma condição benigna que pode ser tratada com lavagens e analgésicos.
Língua amarelada: especialmente quando acompanhada da pele e olhos amarelados, pode indicar icterícia, que está relacionada a doenças do fígado e das vias biliares, como hepatites e pedras na vesícula.
Manchas amarronzadas: geralmente resultam do tabagismo, consumo excessivo de chá ou café e má higiene, mas também podem estar associadas a condições graves como leucoplasia pilosa, polipose intestinal familiar e doença de Addison.
Língua partida, fissurada ou rachada: é normal em algumas pessoas e não indica doença, porém exige cuidados redobrados na higiene para evitar infecções.
Lesões ulceradas e bolhas vermelhas: podem indicar a presença de infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e herpes.
Nódulos que persistem por mais de duas semanas: especialmente quando acompanhados de sintomas como rouquidão, dor ao engolir e perda de peso, podem ser sinais de câncer de boca ou língua e necessitam de avaliação médica imediata.
Dúvidas? Procure um médico
Para problemas na língua, o médico a procurar pode ser um estomatologista ou um otorrinolaringologista, dependendo da natureza do problema. O estomatologista é especializado em doenças da boca, incluindo a língua, enquanto o otorrinolaringologista cuida de doenças da cabeça e pescoço, incluindo a boca e garganta.
O estomatologista é um dentista especializado em diagnosticar e tratar doenças da boca, incluindo a língua. É indicado para avaliar lesões na língua, como aftas, feridas que não cicatrizam, manchas ou alterações de cor, ou outras alterações na língua. Pode realizar exames como biópsias e cultura para diagnosticar a causa do problema.
O otorrinolaringologista é um médico especializado em doenças da cabeça e pescoço, incluindo a boca e garganta. Pode ser consultado para avaliar problemas na língua que estão relacionados a questões como dor, dificuldade para engolir, alterações na voz ou outros sintomas que afetam a região da boca e garganta. É importante procurar um otorrinolaringologista quando os problemas na língua estão associados a outros sintomas na região da cabeça e pescoço.
Em alguns casos, pode ser necessário consultar um cirurgião de cabeça e pescoço, especialmente se houver suspeita de câncer de língua. Se o problema na língua estiver relacionado a outras doenças sistêmicas, como alergias ou doenças autoimunes, pode ser necessário consultar um dermatologista, reumatologista ou endocrinologista.
Realizar autoexames regulares da boca e língua é importante para identificar alterações precoces. Consultar um dentista regularmente, a cada seis meses, é fundamental para a saúde bucal e para a identificação de problemas na língua.
Fonte: Brenda Hayashi, Viva Bem UOL – 11/08/2025
