Morto em 2006 aos 15 anos, Acutis fazia evangelização pela internet e tem dois milagres atribuídos a ele pela Igreja Católica —um deles ocorrido em Campo Grande, no MS. Ele será canonizado pelo papa Leão XIV e terá um selo comemorativo lançado pelo Vaticano.
O Vaticano pendurou nesta quinta-feira (4) na Basílica de São Pedro uma imagem de Carlo Acutis, o beato ítalo-britânico que será canonizado pelo papa Leão XIV no domingo (7) e se tornará o 1º santo “millennial”.
Carlo Acutis foi um adolescente católico que morreu de leucemia aos 15 anos em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida. Ele fazia evangelização pela web e ficou conhecido como “padroeiro da internet” entre os fiéis. (Leia mais abaixo sobre quem ele foi)
A imagem de Acutis na fachada da icônica basílica faz parte da preparação da Igreja Católica para seu ritual de canonização. Ele está sendo chamado de 1º santo “millennial” pelo Vaticano, por ter nascido no final do século XX.
A cerimônia será presidida pelo papa Leão XIV na Praça de São Pedro, e será o primeiro evento de canonização do novo pontífice, eleito em maio para substituir o papa Francisco. A cerimônia de domingo estava originalmente marcada para abril, mas foi adiada por conta da morte do argentino.
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O Vaticano afirmou nesta semana que lançará um selo especial do Carlo Acutis para celebrar sua canonização. Segundo a agência de notícias “Vatican News”, o selo reproduzirá uma foto do jovem sorrindo com uma mochila nas costas enquanto estava em uma excursão ao Monte Subasio, lugar muito querido por ele por estar ligado à memória franciscana. Veja abaixo.
Junto com Acutis, um jovem italiano Pier Giorgio Frassati também será canonizado por Leão XIV. Frassati ficou conhecido por ajudar os necessitados, e morreu de poliomielite na década de 1920.
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A mãe de Acutis, Antonia Salzano, disse à agência de notícias Reuters no início do ano que o motivo central do apelo do filho entre os jovens católicos era que ele viveu a mesma vida que outros adolescentes dos anos 2000.
“Carlo era uma criança comum, como as outras, brincava, tinha amigos e ia à escola. Mas sua qualidade extraordinária foi o fato de que abriu a porta do coração para Jesus e colocou Jesus em primeiro lugar na sua vida. Ele usou essa habilidade para espalhar a boa notícia, o Evangelho. Ele queria ajudar as pessoas a terem mais fé, a entender que existe uma vida após esta, que somos peregrinos neste mundo”, afirmou Salzano.
Ser declarado santo significa que a Igreja acredita que a pessoa viveu uma vida santa e agora está no Céu com Deus.
Outros santos que morreram jovens incluem Teresa de Lisieux, que morreu aos 24 anos em 1897 e era conhecida por promover o “Pequeno Caminho” da caridade; e Luís Gonzaga, que morreu aos 23 anos em 1591 após cuidar de vítimas de uma epidemia em Roma.
Quem foi Carlo Acutis
Nascido em Londres, na Inglaterra, em 3 de maio de 1991, Carlo Acutis foi criado em Milão, na Itália, onde ainda criança tornou-se católico e devoto da Virgem Maria.
“Desde pequeno, sobretudo depois da primeira comunhão, nunca faltou ao encontro diário com a Santa Missa e o Rosário, seguidos de um momento de adoração eucarística”, declarou a mãe, Antonia Acutis, à agência de notícias católica ACI.
Acutis foi beatificado em 2020 pelo Vaticano após seu primeiro milagre ter sido reconhecido pela Igreja. Na ocasião, ele curou uma criança brasileira que tocou em uma relíquia sua em 12 de outubro de 2010 em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele teve outro milagre reconhecido pela Igreja Católica em maio de 2024.
Além da igreja, Carlo Acutis gostava de computadores e tinha um conhecimento de ciência da computação muito acima da média para garotos da sua idade.
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“Ele era um especialista em computação, lia livros de engenharia da computação e deixava todos maravilhados, mas colocava seu dom a serviço dos outros e o usava para ajudar seus amigos”, conta a mãe.
Carlo Acutis conseguiu unir as duas paixões ao criar um site dedicado à catalogação cuidadosa de cada milagre já relatado e para evangelizar — façanha que lhe rendeu o título de “padroeiro da internet”.
“Este rapaz foi realmente genial e muitos aspectos da sua vida representam para nós um incentivo”, disse o bispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino, ao site de notícias do Vaticano.
Após ser diagnosticado com leucemia, Carlo Acutis morreu em 12 de outubro de 2006, dia da Nossa Senhora Aparecida, considerada pela igreja católica a padroeira do Brasil.
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Milagre no Brasil
Após a morte de Carlo Acutis, o padre Marcelo Tenório, da Paróquia São Sebastião, em Campo Grande, passou a realizar a missa anual de Nossa Senhora Aparecida sempre com a exposição de uma roupa que teria sangue do beato italiano.
Em uma dessas missas, no ano de 2010, um avô desesperado com o diagnóstico do neto doente o levou até a paróquia. Segundo a família, o garoto foi curado após tocar a vestimenta.
“A criança, me lembro bem, estava raquítica e tinha problemas de pâncreas anular. Ela não comia nada, não ingeria nem sólido nem líquido e teve a cura logo depois”, afirmou o padre Marcelo Tenório, em entrevista ao g1 MS em novembro de 2019, quando o Vaticano reconheceu o milagre realizado por Carlo Acutis.
Fonte: Redação g1 – 04/09/2025