segunda-feira, junho 9, 2025
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PMs responsáveis por operação no Morro Santo Amaro são exonerados

Governador do Rio exonera comandantes da PM após operação que resultou em morte e feridos durante festa junina no Morro do Santo Amaro.

Moradores do Rio de Janeiro estão revoltados e protestaram pedindo justiça por um jovem que morreu baleado por policiais no último sábado (7) durante uma festa junina.

O governador do estado, Cláudio Castro, exonerou neste domingo (8) os comandantes do Comando de Operações Policiais Especiais (COE) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), responsáveis por uma operação da Polícia Militar durante uma festa junina no Morro do Santo Amaro, na Zona Sul da capital, que resultou na morte de um jovem e deixou outras cinco pessoas feridas.

A decisão foi anunciada horas após uma reunião com os secretários de Estado de Segurança Pública e da PM. Os coronéis Aristheu de Góes Lopes (Bope) e André Luiz de Souza Batista (COE) foram os responsáveis pela autorização da ação policial realizada na noite da última sexta-feira (6), durante um evento comunitário com grande presença de moradores, incluindo crianças.

Durante a operação, Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 24 anos, foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Além dele, outras cinco pessoas foram atingidas por disparos. O governador também determinou o afastamento preventivo dos policiais envolvidos da atuação nas ruas, até que os fatos sejam devidamente apurados. “Determinei o afastamento imediato dos responsáveis por autorizar a operação na madrugada de ontem, na comunidade do Santo Amaro, em meio a uma festa popular. A ordem é que as apurações sejam feitas com extremo rigor e agilidade, tanto pela Polícia Civil quanto pela Corregedoria da PM”, declarou Castro em publicação nas redes sociais.

Castro afirmou ainda que entrou em contato com o Ministério Público do Rio de Janeiro e garantiu que todas as imagens registradas pelas câmeras corporais dos policiais envolvidos serão entregues ao órgão. A Polícia Civil já começou a analisar o material.

Em nota, o governador também manifestou solidariedade às vítimas e seus familiares. “Sei que palavras não vão trazer ninguém de volta, nem diminuir a dor de se perder um ente querido, mas deixo aqui minha tristeza e indignação”, escreveu.

Luto e comoção

O corpo de Herus foi velado e sepultado neste domingo no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Familiares e amigos compareceram em clima de grande comoção, muitos vestindo camisas do Flamengo, time do coração do jovem. Durante a cerimônia, houve salva de palmas em homenagem à vítima.

Os pais de Herus, Monica Guimarães Mendes e Fernando Guimarães, levaram uma foto do filho em uma comemoração de aniversário, ao lado do neto de dois anos, além do crachá da imobiliária onde o jovem trabalhava como office-boy.

Testemunhas relatam pânico

Testemunhas afirmaram que no momento da operação acontecia uma apresentação de quadrilhas juninas na comunidade, com a presença de famílias inteiras. Cristiano Pereira, líder do grupo de dança, contou que o tiroteio começou de forma repentina e provocou correria. Ele relatou que agentes do Bope surgiram de becos e entraram em confronto com criminosos. “O pessoal do Bope veio pelos becos e, quando apareceram, ninguém viu nada, só um monte de tiro para todos os lados. Os bandidos saíram não sei de onde, a bala veio não sei de onde. Estava cheio de gente na festa, com roda e dança”, afirmou.

Versão da PM

A Polícia Militar declarou que a ação do Bope foi motivada por denúncias sobre a presença de criminosos fortemente armados no Morro do Santo Amaro, supostamente reunidos para uma possível ofensiva contra facções rivais, em disputa pelo controle do território.

Segundo a corporação, os policiais foram atacados por traficantes na área onde ocorria o evento, mas não revidaram. No entanto, em outro ponto da comunidade, teria ocorrido novo ataque, resultando no confronto armado.

A PM afirmou que os policiais envolvidos estavam com câmeras corporais e que as imagens já estão sendo analisadas pela Corregedoria. Um procedimento interno foi instaurado para apurar os fatos. A Polícia Militar não informou se havia conhecimento prévio sobre a realização da festa no momento da operação.

O caso foi inicialmente registrado na 9ª DP (Catete) e transferido para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que conduz as investigações.

Fonte: Laura Vasconcelos, O Dia – 08/06/2025

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