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‘Primavera dos novinhos’: Militares de Madagascar anunciam tomada de poder após Parlamento ignorar decreto e afastar presidente

Deputados votaram processo de impeachment nesta terça, quando decreto presidencial determinou a dissolução do Parlamento. Presidente fugiu do país após militares rebeldes tomarem Exército e polícia se unir aos protestos da Geração Z, que vêm ocorrendo em vários países nos últimos meses.

Militares rebeldes de Madagascar que haviam se unido aos protestos da Geração Z no país anunciaram nesta terça-feira (14) que tomaram o poder.

O anúncio ocorreu minutos depois de o Parlamento, ignorando um decreto que dissolvia a Casa, votar e aprovar o impeachment do presidente do país, Andry Rajoelina, que fugiu do país diante da rebelião de militares e dos protestos que exigiam sua renúncia (leia mais abaixo).

Os militares afirmaram ter dissolvido todas as instituições, com exceção do Poder Legislativo.

Rajoelina fugiu do país na segunda-feira (13) quando militares rebeldes assumiram o controle das Forças Armadas se unindo aos chamados protestos da Geração Z.

Os militares rebeldes anunciaram na rádio nacional madagascarense que tomaram o controle do governo do país africano.

“Tomamos o poder”, disse o coronel do Exército Michael Randrianirina, que lidera o movimento rebelde dos militares, na rádio nacional. No pronunciamento, ele afirmou que os militares dissolveram todas as instituições, exceto o Parlamento.

Já o presidente, desafiando os manifestantes, publicou um decreto também nesta terça determinando a dissolução do Parlamento. Mas os deputados ignoraram a dissolução, se reuniram na Casa e votaram e aprovaram o impeachment de Rajoelina.

Em um discurso na noite de segunda (13) feito também de fora do país e em um local não identificado, o presidente do país africano afirmou que não deixará o governo, em mais um desafio aos protestos, que exigem sua renúncia.

Rajoelina alegou que a dissolução do Parlamento “era necessária para restaurar a ordem no país”, mas prometeu realizar novas eleições a partir de dezembro.

“O povo precisa ser ouvido novamente. É hora da juventude”, disse ele no discurso.

O líder da oposição na Assembleia Nacional contestou a decisão.

Este decreto não é juridicamente válido… o presidente da Assembleia Nacional afirma que não foi consultado“, disse Siteny Randrianasoloniaiko, que também é vice-presidente da Assembleia.

A polícia do país também rompeu com o presidente madagascarense e se uniu aos manifestantes.

Fuga do país

Siteny Randrianasoloniaiko, líder da oposição no Parlamento, contou à agência de notícias Reuters que Rajoelina deixou Madagascar depois que unidades do exército desertaram e se juntaram aos manifestantes da Geração Z, que vêm realizando protestos pelas ruas do país desde 25 de setembro.

“Ligamos para a equipe da presidência e eles confirmaram que ele deixou o país”, disse ele, acrescentando que o paradeiro atual do presidente ainda é desconhecido.

Uma fonte militar disse à Reuters que Rajoelina deixou o país em um avião militar francês. De acordo com a rádio francesa RFI, ele fechou um acordo com o presidente Emmanuel Macron.

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, na semana passada — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko
O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, na semana passada — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko

▶️ A Geração Z é o nome dado ao grupo de pessoas nascidas entre 1995 e 2009. É a primeira geração considerada nativa digital, pois cresceu em meio à internet, e costuma ser mais crítica e engajada em debates sobre diversidade, sustentabilidade e política.

Nos últimos meses, esse grupo também protagonizou manifestações no Quênia, Indonésia, Nepal, Filipinas, Peru e Marrocos.

No Nepal, os protestos levaram à derrubada do primeiro-ministro. No Peru, contribuíram para a queda da presidente Dina Boluarte.

Nas ruas de Antananarivo, capital do país, os jovens da Geração Z se uniram para seguir os protestos e comemorar a notícia. Milhares se reuniram em uma praça gritando:

“O presidente deve renunciar agora”.

Manifestantes voltaram às ruas de Antananarivo, Madagascar, nesta segunda (13) e comemoraram fuga do presidente — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko
Manifestantes voltaram às ruas de Antananarivo, Madagascar, nesta segunda (13) e comemoraram fuga do presidente — Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko

Com a saída de Rajoelina do país, quem irá assumir suas funções até que novas eleições sejam realizadas é o presidente do Senado.

O atual, foco de indignação pública durante os protestos, foi destituído de suas funções nesta segunda e um novo nome já foi indicado para ocupar seu lugar temporariamente, informou a casa em um comunicado: Jean André Ndremanjary.

Tropas se juntaram aos manifestantes

O anúncio do Exército de Madagascar sobre a tomada de poder das Forças Armadas do país ocorreu pouco depois de Andry Rajoelina denunciar uma “tentativa ilegal de tomada do poder”.

Os militares declararam, em vídeo, que “todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, partirão do quartel-general do CAPSAT”, sigla que identifica o contingente de oficiais administrativos e técnicos.

No sábado (11), o grupo de militares havia se juntado a manifestantes antigovernamentais em Antananarivo, capital da ilha, que registrou os maiores protestos desde o início das manifestações.

Em comunicado publicado nas redes oficiais, o governo afirmou que estava em curso “uma tentativa ilegal e violenta de tomada do poder” e que o presidente defendia “o diálogo como saída para a crise”.

Protestos crescentes

Manifestantes se reúnem ao redor de um veículo militar em Antananarivo, capital de Madagascar, durante um protesto nacional liderado por jovens contra os frequentes cortes de energia e a escassez de água — Foto: Zo Andrianjafy/Reuters
Manifestantes se reúnem ao redor de um veículo militar em Antananarivo, capital de Madagascar, durante um protesto nacional liderado por jovens contra os frequentes cortes de energia e a escassez de água — Foto: Zo Andrianjafy/Reuters

O movimento da geração Z do país começou por causa de cortes de água e eletricidade, mas rapidamente se ampliou para críticas à corrupção, aos líderes políticos e à falta de oportunidades no país.

Pelo menos 22 pessoas foram mortas em confrontos entre manifestantes e as forças de segurança desde 25 de setembro, de acordo com a ONU.

Madagascar, um dos países mais pobres do mundo, tem histórico de frequentes levantes populares desde que se tornou independente da França, em 1960. Entre eles, destacam-se os protestos de 2009, que forçaram o então presidente Marc Ravalomanana a deixar o cargo e abriram caminho para o primeiro mandato de Andry Rajoelina.

O atual presidente foi reeleito em 2018 e novamente em 2023, em pleitos marcados por contestações e boicote da oposição.

Grupos de soldados de Madagascar se juntaram a milhares de manifestantes na capital em 11 de outubro de 2025, após anunciar que recusariam qualquer ordem de atirar nos manifestantes. — Foto: LUIS TATO / AFP
Grupos de soldados de Madagascar se juntaram a milhares de manifestantes na capital em 11 de outubro de 2025, após anunciar que recusariam qualquer ordem de atirar nos manifestantes. — Foto: LUIS TATO / AFP

Fonte: Redação g1 – 14/10/2025

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