quarta-feira, agosto 6, 2025
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Trump anuncia tarifas adicionais de 25% sobre a Índia por comércio com a Rússia

Taxa total chega a 50%, como forma de retaliação ao país pela compra petróleo russo. A decisão acende o alerta para o Brasil, que também faz comércio com Moscou e pode sofrer sanções adicionais.

O presidente dos Estados UnidosDonald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) uma tarifa extra de 25% sobre produtos importados da Índia.

Segundo ele, a medida é uma retaliação ao país por continuar adquirindo petróleo da Rússia, o que, na visão do republicano, contribui para a continuidade da guerra na Ucrânia.

Com essa nova cobrança, a tarifa total sobre produtos indianos alcança 50% — igualando-se à do Brasil e tornando a Índia um dos países mais taxados por Trump. A medida também serve como um alerta ao governo brasileiro, que mantém relações comerciais com Moscou e pode enfrentar retaliações parecidas. (entenda mais abaixo)

De acordo com o comunicado da Casa Branca, a medida tem base em uma ordem executiva de 2022, que proíbe importações e novos investimentos na Rússia, em resposta à ofensiva militar contra a Ucrânia. Entre os itens proibidos estão petróleo bruto, combustíveis e seus derivados.

“Recebi informações adicionais de diversas autoridades sobre, entre outras coisas, as ações do Governo da Federação da Rússia em relação à situação na Ucrânia. Após considerar essas informações, constato que a emergência nacional […] continua vigente, e que as ações e políticas da Rússia ainda representam uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional e à política externa dos Estados Unidos”, diz o documento.

A tarifa extra sobre a Índia será aplicada junto às taxas já vigentes, salvo exceções previstas em outras normas, e deve atingir principalmente produtos indianos que importem petróleo russo, direta ou indiretamente.

  • ➡️ A importação indireta envolve compras feitas via intermediários ou por meio de países terceiros, desde que seja possível rastrear a origem russa dos produtos.

A nova tarifa entrará em vigor em 27 de agosto, exceto para os bens que já estão em trânsito — para esses, o prazo se estende até 17 de setembro.

Após o anúncio das tarifas pelos EUA, o governo da Índia expressou desapontamento e classificou a medida de Trump como “injusta, irracional e sem justificativa”.

“A Índia tomará todas as medidas necessárias para proteger seus interesses nacionais”.

Negociações fracassaram

Na semana passada, Trump já havia alertado que aplicaria uma multa à Índia por comprar energia e equipamentos militares da Rússia.

“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país”, afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social em 30 de julho.

Trump também afirmou que a Índia, junto com a China, sempre adquiriu a maior parte de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, ressaltando que o comércio persiste mesmo quando o mundo exige que Moscou “pare com a matança na Ucrânia”.

Foram cinco rodadas de negociações comerciais, e autoridades indianas estavam confiantes em obter um acordo favorável com os EUA. Tanto que chegaram a indicar à imprensa a possibilidade de as tarifas ficarem limitadas a 15%.

A expectativa em Nova Délhi era que o próprio Donald Trump anunciasse o acordo semanas antes do prazo final de 1º de agosto — o que nunca ocorreu.

E o Brasil?

As sanções impostas pelos EUA a países que mantêm relações comerciais com a Rússia também soam como um alerta para o Brasil, que ainda compra fertilizantes e combustíveis de Moscou.

De acordo com o documento divulgado hoje, Trump ordenou que o Departamento de Comércio dos EUA avalie quais outros países ainda importam energia da Rússia.

“Se o secretário de comércio constatar que um país está direta ou indiretamente importando petróleo da Federação Russa, o secretário […] recomendará se e em que medida eu devo tomar ações em relação a esse país, incluindo se devo impor uma taxa adicional ad valorem de 25% sobre as importações de artigos daquele país”, diz o texto.

Esse risco já havia sido mencionado por uma comitiva de senadores que esteve em Washington, em julho, para tentar negociar a redução das tarifas de 50% aplicadas ao Brasil pelo governo Trump. Os parlamentares alertaram que o país poderia entrar na lista de nações sujeitas a sanções, por causa de suas relações comerciais com a Rússia.

“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias”, disse o senador Carlos Viana (Podemos-MG) a jornalistas na época. “Tanto republicanos quanto democratas foram firmes em dizer que vão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que fazem negócios com a Rússia”.

A comitiva ressaltou que esse seria um dos temas a ser levado ao governo brasileiro, destacando que, na visão dos parlamentares norte-americanos, países que negociam com Putin ajudam a intensificar o conflito entre Moscou e Kiev.

“Eles estão preocupados em acabar com a guerra [com a Ucrânia], e eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuar”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

*Com informações da agência de notícias Reuters.

Fonte: Isabela Bolzani, g1 — São Paulo – 06/08/2025 

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