quinta-feira, setembro 25, 2025
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Colesterol: nova diretriz brasileira endurece metas e cria categoria de risco extremo

Documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia passa a exigir níveis abaixo de 40 mg/dL em pacientes que já tiveram infarto ou AVC

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lançou nesta quarta (24) a atualização da Diretriz de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. O documento, que substitui a versão de 2017, endurece metas de colesterol e incorpora novos marcadores, como o colesterol não-HDL, a apolipoproteína B e a lipoproteína(a).

principal mudança está no LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Pela primeira vez, a diretriz brasileira inclui a categoria de risco extremo, voltada para pacientes que já tiveram múltiplos eventos cardiovasculares: para eles, a meta é de menos de 40 mg/dL.

Abaixo, veja as novas metas (note que os números máximos de LDL diminuem conforme o aumenta risco cardíaco de cada perfil paciente):

  • Baixo risco: menor que 115 mg/dL (antes era menor que 130 mg/dL)
  • Intermediário: menor que 100 mg/dL (antes era menor que 100 mg/dL)
  • Alto: menor que 70 mg/dL (sem alteração)
  • Muito alto: <50 mg/dL (antes era menor que 70 mg/dL)
  • Extremo: <40 mg/dL (nao existia na diretriz anterior)

🩸O QUE É O COLESTEROL? O colesterol é um tipo de lipídio (“gordura”) que compõe a membrana das células do nosso corpo e que também é precursor da formação de hormônios e vitaminas. Ele é essencial para diversas funções, mas seu excesso está associado a diversos problemas de saúde, especialmente doenças cardiovasculares, como AVC e infarto.

Como definir o risco do paciente

Cardiologista e coordenador da Unidade Coronária do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), Italo Menezes Ferreira lembra que não existe um valor ideal único de colesterol para todos.

“Primeiro é preciso estratificar o risco cardiovascular do paciente. Só a partir daí se define a meta de LDL adequada”, diz Ferreira.

Para definir as metas para cada paciente, a diretriz passa a recomendar o uso de cálculos mais completos de risco cardiovascular em 10 anos, como o escore Prevent, da American Heart Association. Esse modelo considera, além de idade, sexo e histórico clínico, fatores como função dos rins e índice de massa corporal (IMC), oferecendo uma estimativa mais precisa da chance de infarto ou AVC.

Na prática, um escore funciona como uma nota que resume o risco. O médico insere dados como idade, sexo, pressão arterial e função renal, e o sistema calcula a probabilidade de infarto ou AVC em 10 anos.

Meta: evitar infartos

Cirurgião cardiovascular do Hospital Beneficência Portuguesa, Ricardo Kazunori Katayose detalha que a mudança parte do entendimento de que reduzir ainda mais o LDL pode evitar novos infartos em pacientes já comprometidos.

“Ao criar a categoria de risco extremo, a diretriz reconhece que pacientes que já tiveram múltiplos eventos precisam de metas mais agressivas”, explica.

Diagnóstico ampliado

O documento recomenda que todos os adultos façam pelo menos uma vez na vida a dosagem da lipoproteína(a), ou Lp(a), marcador associado a risco elevado de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Valores acima de 125 nmol/L ou 50 mg/dL indicam elevação significativa.

O exame, no entanto, ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) nem tem cobertura ampla nos planos de saúde.

Katayose relembra que parte das dislipidemias é de origem genética. O termo se refere a alterações nos níveis de gorduras no sangue — como colesterol e triglicerídeos — que aumentam o risco de entupimento das artérias.

“Muitas vezes o histórico familiar de infarto se explica por dificuldade de metabolizar o colesterol. Nesses casos, a detecção precoce é crucial para adotar mudanças de estilo de vida ou iniciar medicação”, afirma.

Terapia combinada como primeira escolha

Para pacientes de alto, muito alto e extremo risco, a diretriz recomenda iniciar já com terapia combinada. Entre as principais opções estão:

  • Estatina + ezetimiba.
  • Estatina + terapia anti-PCSK9.
  • Estatina + ácido bempedoico.
  • Estratégias triplas, como estatina + ezetimiba + anti-PCSK9, que podem reduzir o LDL em até 85%.

O cardiologista Italo Menezes Ferreira destaca que a mudança reflete um consenso internacional.

“Diversos estudos mostram que, quanto mais cedo e mais baixo for o controle do LDL, menor o risco de morte, infarto e AVC. Por isso, a diretriz brasileira está alinhada à europeia, que também reduziu metas recentemente”, afirma.

Ferreira acrescenta que o documento traz uma orientação mais agressiva para o pós-infarto: iniciar de imediato com estatina e ezetimiba, e, em caso de recorrência, incluir inibidores de PCSK9.

Estilo de vida segue essencial

Apesar da ampliação das opções farmacológicas, a diretriz reforça a importância de medidas não medicamentosas. Alimentação equilibrada, prática regular de exercícios, abandono do tabagismo, controle do peso e moderação no álcool seguem como pilares da prevenção.

Katayose ressalta que o aumento da expectativa de vida e os hábitos atuais — sedentarismo, alimentação rica em ultraprocessados, sono ruim e estresse — têm impacto direto nos níveis de colesterol da população.

“A vida moderna favorece a dislipidemia. Por isso, além das medicações, é preciso mudar hábitos”, defende.

Impacto esperado

A expectativa da SBC é que a atualização contribua para reduzir a mortalidade cardiovascular no país, orientando tanto a prática clínica quanto políticas públicas. Para especialistas, a diretriz chega em um momento crucial diante do crescimento da obesidade, do sedentarismo e do estresse crônico na população brasileira.

Fonte: Talyta Vespa, g1 – 24/09/2025

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